Coldplay realizam sonho dos 5.ª Punkada

Câmara de Coimbra responsável por substituir relvado após concertos dos Coldplay
REUTERS/Maja Smiejkowska

Banda da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra tocou ontem à noite com os Coldplay.

Os 5.ª Punkada, banda pop/rock da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra, tocou no domingo à noite com os Coldplay, no Estádio Cidade de Coimbra, num encontro quase “surreal”, disse à Lusa o coordenador do projeto.

“Foi o pináculo da experiência dos 5.ª Punkada. Foi algo surreal”, afirmou Paulo Jacob, pouco depois da atuação da banda no concerto dos Coldplay.

Paulo Jacob disse ter acordado às 07h30 com um telefonema a dizer que havia hipótese de tocar com os Coldplay.

“O pessoal estava um bocadinho na expectativa e ansioso, porque não é todos os dias que se toca para 50 mil pessoas. É algo que acaba por ser avassalador e mexe um bocadinho com as emoções, mas correu bem”, confessou.

Chris Martin e a banda “foram fantásticos”, tendo Paulo Jacob indicado que esta oportunidade partiu, sobretudo, do vocalista britânico. “O presidente da Câmara de Coimbra apresentou-lhe um vídeo e ele disse logo: ‘amanhã [domingo] este pessoal tem de tocar connosco'”.

Além de Chris Martins, toda a equipa e a produção “foram extremamente simpáticos, acolhedores e calorosos”, disse. “Foram cinco estrelas, desde o momento que chegámos até agora. Não há palavras para descrever”, sublinhou.

O público também “foi fantástico” e assim que a banda passou um corredor feito pela segurança para entrar no palco a reação “foi efusiva”, destacou.

“Durante o tema que tocámos foi fantástico, tivemos quase 50 mil pessoas a cantar o refrão de uma música dos 5.ª Punkada, parece que estamos no bom caminho”, afirmou.

A banda nasceu há 30 anos, sendo constituída por cinco elementos com deficiências, apaixonados por música, todos eles fãs dos Coldplay. A atuação de domingo é mais uma prova da capacidade de qualquer pessoa e que a inclusão é possível, concordou o responsável.

No entanto, Paulo Jacob sublinhou que a “inclusão só é possível através do contacto e da participação”.

“Infelizmente, fala-se muito em inclusão, mas é um conceito demasiado abstrato. As pessoas conseguem perceber a inclusão, mas só se consegue caminhar de facto para a inclusão através do contacto com toda a gente. Há 30, 40, 50 anos era quase impossível ver pessoas com deficiência na rua. Hoje já é mais comum”, constatou.

Por isso, “se houver mais pessoas com deficiência na rua, se houver mais contacto, há toda uma série de questões e até preconceitos que são desconstruídos e desmistificados através desse contacto, porque é através do contacto que o ser humano comunica e a única forma de caminhar para a inclusão é através disso”, considerou.

“Nós fazemo-lo de uma forma participativa, através da música e da arte”, acrescentou.

Os 5.ª Punkada contam com três álbuns de originais: ‘Live in Germany’, ‘5.ª Punkada’ e ‘Somos Punks ou Não?’.

Fundada em 1993, a banda já percorreu Portugal, de norte a sul, e viajou também para Inglaterra, Alemanha, Bélgica, França, Grécia, Espanha, Itália e Finlândia, num total de mais de 300 concertos.

O Estádio Cidade de Coimbra recebeu no domingo o último de quatro concertos dos Coldplay, aos quais terão assistidos cerca de 200 mil pessoas.