Fehér deixou-nos há 18 anos

Féher deixou-nos há 18 anos

Record TV recorda agora o momento pela voz de quem assistiu de perto a esta tragédia.

O relógio marcava os 92 minutos. Foi nesse preciso momento que o futebol português escreveu umas das suas mais tristes histórias.

Miklos Fehér sorriu pela última vez no dia 25 de janeiro de 2004. Tinha 24 anos e uma vida pela frente.

A morte súbita tramou o jovem jogador numa noite de difícil memória para quem se encontrava no estádio D. Afonso Henriques. Fora das quatro linhas, o jornalista Fernando Eurico era o dono do microfone da Antena 1. Tinha a difícil responsabilidade de transmitir, sem imagens, o que se estava a passar. Escolher as palavras para dizer o que ninguém queria ouvir tornou-se num verdadeiro desafio para o radialista, talvez o mais difícil da sua carreira.

“Lembro-me perfeitamente como se fosse hoje, como se costuma dizer. Eu estava a fazer a narração do jogo e a bola tinha ido para o outro lado do sítio onde estava o Miklos Fehér e pelo canto do olho direito percebi que alguém tinha tombado, que havia ali qualquer coisa de anormal e o meu instinto foi olhar precisamente para o sítio onde ele tinha tombado e depois começar toda aquela descrição que se prolongou durante minutos a fio. O drama que se foi instalando, o temor que se foi alojando nas nossas cabeças, nos nossos  pensamentos”, revelou.

Uma tragédia que não deixou o jornalista indiferente, uma vez que voltou a testemunhar algo que há alguns anos o tinha deixado completamente desolado.

“Para mim foi duplamente doloroso porque o meu pai foi futebolista e morreu exatamente nas mesmas circunstâncias que o Miklos Fehér. Estava a falar comigo e tombou, teve uma morte súbita tal como o Miklos Fehér e também tinha sorrido momentos antes. Portanto, para mim foi um chorrilho, foi uma amálgama de sensações terríveis. Eu revivi na morte do Miklos Fehér, quando todos percebemos que ele já não estava entre nós, eu revivi o meu drama pessoal e portanto foi uma situação bastante dolorosa ao ponto de eu ter querido ficar em Guimarães, na cidade de Guimarães e perto do hospital sem ser a trabalhar até de manhã, até não aguentar mais porque está, no fundo, a viver tudo outra vez.”

Para Fernando Eurico, Miklos Fehér transportava sempre toda a classe que mostrava no relvado para fora das quatro linhas.

“O Miklos Fehér era daqueles poucos futebolistas a quem nós nas férias podíamos ligar para a Hungria e falávamos com ele sobre a atualidade e sobre a próxima época e a que foi. Era um “gentleman”, era sempre muito solícito para os jornalistas. Era daqueles futebolistas que nunca esquecemos pela educação esmerada, pela simpatia.”

O dia 25 de janeiro ficará para sempre na nossa memória. O dia e o sorriso de alguém que nos deixou cedo demais…