Histórias de quem enfrentou a Justiça para combater a fome

Histórias de quem enfrentou a Justiça para combater a fome
Record TV

O documentário ‘Crimes de Fome’, do ‘Repórter Record Investigação’, é emitido este domingo, às 21:00, na Record TV Europa.

Crime famélico é o termo usado para o furto realizado para saciar uma necessidade básica e urgente, por comida ou remédio, por exemplo. Nos últimos anos, com o aumento da pobreza e a falta de emprego, milhares de brasileiros foram encarcerados por este tipo de delitos que a maioria das autoridades considera insignificante – e que a Justiça poderia responder com penas alternativas à prisão efetiva.

No programa de amanhã, com o documentário ‘Crimes de Fome’, o ‘Repórter Record Investigação’, apresentado por Luiz Fara Monteiro, conta as histórias daqueles que respondem na Justiça por ações como levar um alimento do supermercado para não morrer de desnutrição.

Os jornalistas Marcus Reis, Flávia Prado, Aldrich Kanashiro e Leonardo Medeiros encontram as pessoas que cumprem penas de prisão após cometerem este tipo de furto. E também entrevistam especialistas, juristas e autoridades sobre os crimes famélicos. “Se o Superior Tribunal de Justiça (SPJ) e o Supremo Tribunal Federal, que são os tribunais superiores, entendem determinadas situações de uma forma, que não há razão para prisão, não há razão lógica para o que os tribunais ordinários, os tribunais de Justiça, os tribunais regionais, federais ou juízes em primeira instância decidirem de forma contrária”, afirma categoricamente Sebastião Reis Júnior, ministro do STJ.

Sem recursos para comprar comida ou remédios para os filhos, Mariele cometeu um crime e não foi beneficiada pela pena alternativa prevista pelo STF. “Roubei dois pedaços de carne no supermercado. Encontraram tudo na minha mala”, confirma. Presa em flagrante, cumpriu três meses de reclusão. “Fiquei detida com traficantes, pessoas que mataram filhos. Mãe que ajudou o padrasto a matar o filho. Acaba com a sua vida. Mas uma mãe não se arrepende do que faz pelo filho, de forma alguma”, enfatiza.

Já Janaina tem vindo a perder a esperança de encontrar trabalho. Principalmente após ter saído da prisão. A ex-agente de saúde cumpriu dois meses por uma acusação inusitada: furtar um porco. Ela nega o crime. O seu então marido teria levado o animal sozinho. Mas o facto é que, no dia seguinte ao furto, a polícia foi até à casa dela e prendeu-a. Para as outras reclusas, era uma história inacreditável. “Elas riam-se mim, não acreditavam que eu estava presa por roubar um porco”, relembra.

Fabiana também não se arrepende do que fez para cuidar do filho. A empregada de limpeza viveu dias de horror na cadeia porque furtou um bem essencial:  água. Ao voltar de uma viagem, em julho do ano passado, percebeu que o fornecimento tinha sido cortado por falta de pagamento. As torneiras secas e um filho sujo e faminto convenceram-na a fazer uma ligação clandestina, o chamado ‘gato’.

Um funcionário da companhia de saneamento foi até à sua casa com a polícia. Fabiana perdeu a paciência com os policiais e acabou detida. Da esquadra de polícia para penitenciária, tudo piorou. “Fiquei solitária, sofrendo, sem família, não sabia como estavam os meus filhos. Revezava para dormir na cela com outras 14, 15 mulheres”, conta Fabiana. Depois de quase três meses presa, ela quer arranjar um emprego: “Se Deus quiser, vou conseguir”.

Não perca este documentário no ‘Repórter Record Investigação’, este domingo, às 21:00 (hora Lisboa/Londres), na Record TV Europa.