“Já fui escravo, príncipe e agora rei… estou a subir!”

“Já fui escravo, príncipe e agora rei... estou a subir!”
© Record TV

No podcast ‘Fora de Série’, o ator Rodrigo Moraes revelou várias curiosidades sobre Naás, da série ‘Reis’. Depois de ter feito outros papéis em superproduções da Record TV, agora ele é um rei amonita, que não mede esforços para demonstrar o seu poder.

Naás é má pessoa?
Naás, sim. Eu não. [risos] Ele é fogo nos olhos.

Os amonitas têm, na origem, parentesco com os israelitas. São fruto do filho de Ló, parente de Abraão, mas querem ficar com as terras de Israel, certo?
Eles sentem-se no direito de ter parte das terras dos hebreus porque Canaã desde sempre foi um território muito cobiçado por todos os povos vizinhos, então os amonitas têm a perspetiva de ‘também é nosso’. Se há o parentesco, eles sentem-se no direito de ter posse e de reinar ali, por isso existe luta e ódio mortal. Naás, como rei deste período, enfrenta qualquer um que lhe diga que ele não tem esse direito. Agora a guerra dele é com Saul.

Nos episódios dava para ver a frieza de Naás…
Eu defino-o como ‘sem piedade’. Não existe piedade para ele, independente de quem seja que lhe tenha feito mal. Pode ser a mãe, a esposa, o filho… Se alguém age de forma contrária à ideologia dele, significa morte. Ele é frio e cruel. Satisfaz-se com o sofrimento, dor e impotência do outro.

Como a personagem chegou a ti?
Foi um presente. Este trabalho foi um presente de Deus para mim. Já havia um ator para este papel, mas por questões de agenda ele não pôde assumir. Outro colega meu também fez o teste e não aconteceu. Então, a minha agente soube que procuravam alguém para o papel e falou-se desta grande oportunidade. Numa sexta-feira soube que na segunda-feira seguinte iria começar a trabalhar. Seria uma personagem grande na minha terceira novela na Record TV. Já fui escravo, príncipe e agora rei… estou a subir! [risos]

“Já fui escravo, príncipe e agora rei... estou a subir!”
© Fora de Série

E tua carreira, como aconteceu?
Quando eu tinha 12 anos vi na televisão um programa com crianças de várias etnias e aquilo chamou-me à atenção. Quando vi um menino negro na televisão entendi que eu queria aquilo. Pedi que minha mãe anotasse o número da agência porque senti que podia estar lá também. Ganhei o book da agência, mas não deu nada certo. Bem mais tarde, aos 23 anos, trabalhava como segurança de um prédio na Av. Paulista, eu via muitos artistas a andarem por lá. Aquilo fez-me voltar a ter vontade de conseguir estar na televisão. Esse foi o divisor de águas na minha vida.

Depois da experiência de ‘A Fazenda’, chegou o convite para ‘Reis’?
Antes disso ainda veio ‘Canta Comigo’ como jurado e agora veio ‘Reis’.

Como está a ser fazer Naás?
É uma responsabilidade muito grande estar a construir o Naás, que é uma personagem com uma carga dramática bem extensa. Mas como tenho esta personagem como presente de Deus, é incrível, estou nas nuvens. A repercussão também está a ser muito boa.

Há uma relação entre Naás e Kayla?
Ela é uma incógnita. Ela transita em todos os lugares. Está entre os israelitas, os filisteus, os amonitas e cria várias situações. Com Naás há algo diferente. Ele faz-se de pessoa dura e impiedosa, mas entrega-se a ela. Há uma cena em que ele assume que eles estão juntos. É o único momento da série em que vemos algo humano em Naás, como se fosse algo bom, um certo afeto.

Mas por que motivo Naás é tão mau e cruel?
Penso que ele defende o que acha que é certo. Ele quer Israel a toda a força e julga ter direito àquela terra vasta, rica, poderosa e prometida. Para com os seus companheiros, ele tem senso de justiça. Talvez o lado negativo que ele manifesta seja devido aos seus objetivos, sem medir esforços para isso.

E nas gravações, há alguma curiosidade de bastidores?
Sempre há. Eu e o Carlo, que interpreta Saul, por exemplo, ainda não nos tínhamos visto durante as gravações. Para a batalha que Naás teria com Saul foi necessário ensaiarmos juntos! Num determinado dia teve de ser. Depois de terminamos as nossas gravações de um dia de trabalho, muito cansados, fomos ensaiar. Numa cena, eu teria de fazer um movimento para girá-lo no chão. Ensaiámos e deu tudo certo. Em cena, nós percebíamos que a câmara não apanhava a imagem da nossa boca, então fizemos a cena a conversar. “É momento de fazer tal coisa”, “agora fazemos isso”, enquanto lutávamos. No embate, os amonitas foram surpreendidos, então Naás estava muito relaxado, só de saia e sem camisa. A cena seria cortada, mas no calor do momento, eu fui para o chão assim mesmo, de costas nuas num chão cheio de pedra. É claro que terminei a cena com as costas todas arranhadas.

De que forma esta personagem tem-te ensinado coisas?
Foi uma expectativa muito grande. Tive de colocar o meu corpo e a minha cabeça numa personagem que não é da minha índole. No primeiro dia em que tenho de lhe ‘dar’ vida, quando eu me apercebo que conseguirei e entendo qual o caminho que era para seguir, percebo tudo. É uma lição de fé e de entender o que é um presente de Deus na nossa vida. Naás foi um para mim. Agora é perseverar e não desistir dos objetivos. Para qualquer conquista, há que lutar antes.

O que as pessoas podem esperar de Naás?
Mais maldade e mais crueldade. [risos]