‘Vidas em Jogo’: Guilherme Berenguer diz que aprendeu a “força da amizade” com Francisco

‘Vidas em Jogo’: Guilherme Berenguer diz que aprendeu a “força da amizade” com Francisco
© D.R.

Guilherme Berenguer é publicitário, ator e apresentador. Fez parte do elenco de várias produções, como ‘Vidas em Jogo’ – que regressa amanhã à programação da Record TV – e ‘Milagres de Jesus’. O artista viveu em Portugal uma temporada e reside nos EUA há largos anos.

Fizeste parte de algumas novelas de grande sucesso da Record TV. Como foi interpretar Francisco Pereira Moraes, na novela ‘Vidas em Jogo’?

Claro que me lembro! Foi muito especial porque foi o meu primeiro trabalho na Record TV. O Francisco é uma personagem que gosta de liderar, é fraterno e amigo. Uma das coisas que eu aprendi com o Francisco foi a força da amizade. É uma personagem de origem simples, muito sonhador e valoriza a família. Ele gosta muito de música e tem uma banda – canta e dança – e todo o universo da música tem uma grande importância na sua vida. Foi muito divertido interpretá-lo.

Sentes que a novela foi escrita para que as pessoas se apercebam que têm de ter cuidado com a sua relação com o dinheiro e poder?

Sim, acredito. A novela aborda muito bem o lado da amizade e do que une as pessoas. São valores humanos e que enaltecem a condição do ser humano. E depois vemos o outro lado, o poder que o dinheiro traz à vida das pessoas e como isto pode interferir de forma diferente com as diferentes pessoas. Esta temática foi muito bem estruturada.

Vamos falar de outra novela que fizeste, ‘Milagres de Jesus’, e da personagem Uriel. Como foi interpretar um homem que era cego?

Com muito trabalho de preparação, aprendi como um cego sente e ‘vê’ as coisas. Temos de nos reger pelo tato, pela audição e por uma boa postura. Tive de aprender de onde vem a visão de um cego, que é cego desde nascença. Foi uma experiência muito especial porque a cegueira é uma limitação física que na verdade não nos limita para seguir sonhos, seguir os nossos ideais, ter coragem. Uriel tem muita coragem, muita fé para alcançar os seus objetivos, por isso foi uma personagem muito especial.

Nos papéis que fazes e nas personagens que interpretas, o que ainda guardas do ator que foste no início de carreira?

Respeito e consideração. As personagens fazem-nos pensar que o ser humano tem de ser cuidado como tal. Nós não estamos aqui para ser um peso a mais, mas sim para representar a vida, tal como ela acontece. E temos de ser um suporte para a vida acontecer, de ser um agente do bem.

O que é mais difícil na vida de ator?

Um dos desafios é a questão da instabilidade económica e das inseguranças que tens no teu trabalho, com que lidas o tempo todo.

És uma pessoa que se autocritica?

Sim, muito. Uma vez eu ouvi “não te critiques ao ponto de te destruíres”, mas eu estou sempre a avaliar-me e eu critico-me bastante. Nunca acho que uma coisa que eu faço está bem feita.

Como recordas a experiência de viver em Portugal?

Sentia-me em casa. Estar em Portugal foi como se eu não tivesse saído do Brasil. Ao chegar ao país senti o calor dos portugueses e senti como se estivesse em casa. Os portugueses são educados e atenciosos e senti uma conexão entre os portugueses e os brasileiros por causa do idioma.

Agora vamos falar da tua vida nos EUA. Mudaste-te para lá para aperfeiçoares o teu lado de ator, não é verdade?

Sempre que tinha tempo entre novelas e projetos agarrava todas as oportunidades que me permitissem fazer cursos e workshops. Trabalhei com vários produtores, como o John Strasberg, em Nova Iorque, e com a atriz Diana Castle, em Los Angeles. É ótimo ter essa vontade de nos desenvolvermos e aperfeiçoar o que fazemos. Daniel Day-Lewis [ator inglês que venceu três óscares de ‘Melhor Ator’] é autor de uma frase que diz ‘O ator tem de viver para poder ter essa vivência adquirida e aplicá-la nas personagens’. Ir para os Estados Unidos foi uma decisão pessoal. Foi lá que conheci a minha esposa e sempre gostei de ir lá. Também sempre gostei do inglês, mesmo quando não falava inglês eu achava que falava. Então, eu queria entender e falar bem inglês e ir para lá ajudou-me imenso.

Veja a entrevista: