12 jornalistas mortos na guerra da Ucrânia em 2022

12 jornalistas mortos na guerra da Ucrânia em 2022

Pelo menos 12 profissionais dos ‘media’ foram mortos no desempenho das suas funções durante o ano passado e no contexto da invasão russa da Ucrânia, avança o Conselho da Europa, num relatório hoje divulgado.

Segundo o documento, intitulado “A guerra na Europa e a luta pelo direito de informar”, também foram registados, no mesmo período, 21 jornalistas feridos enquanto trabalhavam.

A análise, realizada pelas organizações parceiras da Plataforma do Conselho da Europa para a promoção, proteção do jornalismo e segurança dos jornalistas, refere que a guerra na Ucrânia tem decorrido “num contexto de degradação continuada” da liberdade de imprensa em toda a Europa e alerta para um “aumento significativo do número de jornalistas detidos”.

Durante o ano de 2022, a plataforma publicou 289 alertas sobre graves ameaças ou ataques à liberdade de imprensa em 37 Estados, denunciando casos de jornalistas assassinados, presos, agredidos, ameaçados e submetidos a campanhas de difamação.

Este número inclui alertas relativos à Rússia, já que as organizações parceiras decidiram continuar a monitorizar o estado da liberdade de imprensa e os ataques contra jornalistas naquele país mesmo depois da sua expulsão do Conselho da Europa, em março do ano passado, acrescentou o relatório hoje conhecido.

“Temos vindo a assistir a um aumento preocupante de ataques e ameaças contra jornalistas no último ano”, admitiu a secretária-geral do Conselho da Europa, Marija Pejčinović Burić, citada no relatório.

Segundo Marija Pejčinović Burić, ao longo de 2022 “muitos jornalistas demonstraram coragem” e outros “pagaram com a vida pelo direito de dar notícias após a agressão da Rússia à Ucrânia”, iniciada em 24 de fevereiro do ano passado.

“O facto de muitos desses ataques ficarem impunes constitui uma ameaça aos alicerces das nossas sociedades”, alertou a responsável, apelando aos Estados-membros do Conselho da Europa para que “levem esta questão a sério” e “respeitem plenamente os direitos dos jornalistas, garantam a sua segurança, protejam as suas fontes e evitem a censura e outras formas de interferência no seu trabalho”.

Relativamente à situação fora do cenário da guerra na Ucrânia, a plataforma concluiu que as detenções arbitrárias e de jornalistas se tornaram comuns na Europa.

Apesar de ter registado menos alertas sobre ameaças e ataques em manifestações contra as restrições ligadas à pandemia de covid-19 (em comparação ao ano anterior), o Conselho da Europa lamenta o número de jornalistas detidos por fazerem o seu trabalho.

“Em 31 de dezembro de 2022, 127 jornalistas e profissionais de comunicação social estavam detidos, incluindo 95 com alertas ativos na plataforma (o que representa um aumento de 60% em relação a 31 de dezembro de 2021) e 32 profissionais na Bielorrússia, cujos alertas ainda não tinham sido publicados”, apontou a organização.

Durante o ano passado, a plataforma registou 74 alertas relativos a ataques à integridade física de jornalistas, o que representa mais de um quarto do total de alertas, adiantou o relatório hoje divulgado.

Além disso, os parceiros que monitorizam a situação na Europa registaram 41 alertas de detenções e prisões de jornalistas (14% do total de alertas), 94 de casos de assédio e intimidação (32%) e 80 relativos a outros atos que ameaçam a liberdade de imprensa (28%).

A plataforma foi criada pelo Conselho da Europa em 2015, em cooperação com organizações não-governamentais (ONG) ligadas à liberdade de expressão e com associações de jornalistas.

O Conselho da Europa foi criado em 1949 para defender os Direitos Humanos, a Democracia e o Estado de Direito e integra atualmente 46 Estados-membros, incluindo todos os países que compõem a União Europeia (UE).