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África pede mais aos países desenvolvidos

África pede mais aos países desenvolvidos

“Mundo desenvolvido tem deixado sofrer gerações de africanos.”

Os países africanos expressaram o seu “desapontamento” sobre as negociações na COP27, defendendo que “o mundo desenvolvido”, que “tem deixado sofrer gerações de africanos”, deve “fazer mais”, especialmente em matéria de financiamento, adaptação e perdas e danos.

“O mundo desenvolvido não está a fazer o suficiente” para enfrentar o aquecimento global – contendo o aumento médio da temperatura global a menos de 1,5°C dos níveis pré-industriais – e para se adaptar aos impactos que “a África está a sofrer e continuará a sofrer”, disse o ministro da Economia Verde da Zâmbia e presidente do Grupo Africano de Negociadores, Collins Nzovu.

“Precisamos do apoio dos países desenvolvidos e precisamos dele à escala”, insistiu Nzovu, que apelou a um maior acesso ao financiamento para apoiar a adaptação no continente e ao mesmo tempo promover uma “transição energética justa”.

Na sua opinião, este financiamento não está a ser mobilizado ao ritmo exigido pelo desafio.

“Todos concordamos que a África não é responsável”, acrescentou, salientando que os países menos desenvolvidos são responsáveis por cerca de 4% das emissões globais de gases com efeito de estufa, que provocam as alterações climáticas.

Contudo, o continente “está a sofrer mais com os efeitos” deste problema, disse, com eventos climáticos extremos que foram evidentes durante as recentes inundações “na África do Sul, Zimbabué, Zâmbia ou África Ocidental”.

“Não devemos brincar com as alterações climáticas porque a sobrevivência humana depende disso”, disse Nzovu, lamentando: “Estamos a ir na direção errada”.

No entanto, apreciou o potencial da ação coletiva para enfrentar desafios globais, tais como a pandemia do coronavírus SARS-CoV-2.

“Se todas as partes se juntassem da mesma forma durante a covid-19, e gastassem esses biliões para garantir a sobrevivência humana, poderíamos fazê-lo com a crise climática”, sustentou.

O ministro do Ambiente senegalês, Alioune Ndoye, argumentou que embora a situação particular de África tenha sido reconhecida nas decisões de muitas cimeiras sobre o clima e em relatórios científicos, “gerações de africanos foram deixadas a sofrer” as consequências de algo que não causaram.

“Estamos preocupados com a falta de acordo sobre questões importantes para o nosso grupo, em particular finanças, adaptação e perdas e danos”, disse Ndoye, que descreveu o resultado da COP27 como “sem esperança”.

“Apelamos a todas as partes para que trabalhem construtivamente para chegarem a um acordo que permita realizar e avaliar os progressos em matéria de emissões”, acrescentou.

A adaptação é uma questão de sobrevivência para África, sublinharam os governantes, alertando que “o menor atraso na ação de adaptação em grande escala significa um retrocesso nos ganhos de desenvolvimento duramente conquistados para a erradicação da pobreza, segurança alimentar e desenvolvimento sustentável”.

Pediram também “um roteiro claro” para estabelecer um mecanismo de perdas e danos, bem como para fornecer à Rede de Santiago, no âmbito do combate às alterações climáticas da ONU, “recursos suficientes” para “catalisar a assistência técnica aos países em desenvolvimento”.

O continente, que “não recebeu o apoio multilateral necessário para enfrentar o desafio climático”, precisa agora de acesso a “níveis mais elevados de subsídios e novos financiamentos para criar acordos que comecem a reduzir o risco e a criar novos tipos de bens”, disse Ndoye.

O compromisso de os países atribuírem pelo menos 100 mil milhões de dólares (96 mil milhões de euros) por ano ao Fundo Verde para o Clima “continua por cumprir”, alertaram, instando a que tal aconteça “o mais rapidamente possível para restaurar a confiança nos processos multilaterais”.

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