Ataque à Ucrânia e o impacto económico

Ataque à Ucrânia e o impacto económico

A tendência de subida do preço dos combustíveis não só se vai manter como também vai agravar.

O valor do barril de petróleo disparou para os 105 dólares e é provável que, dentro de duas a três semanas, o litro de gasolina e de gasóleo aumente na ordem dos 20 cêntimos.

Além disso, Marco Silva, especialista em mercados financeiros, avisa que produtos, como o pão, podem também ficar mais caros.

As bolsas mundiais abriram em queda, pouco depois de terem caído as primeiras bombas sobre a Ucrânia. Inevitavelmente, os preços das matérias-primas energéticas dispararam, sobretudo no gás natural e no petróleo.

O barril de Brent atingiu, pela primeira vez desde fevereiro de 2014, a barreira dos 100 dólares, chegando mesmo, esta quinta-feira, a valer 105 dólares. Se a tendência de subida do preço dos combustíveis já era mais que garantida, agora podemos esperar que esse aumento seja feito em flecha dentro de duas a três semanas.

“Não me admirava nada que subisse, aproximadamente, 7 ou 8%. Portanto, estamos aqui a falar até 20 cêntimos, por exemplo, na gasolina ou algo parecido. Não é de estranhar uma subida tão elevada tendo em conta que, neste momento, o Brent, aquele que nos serve de referência, está nos 105 (dólares), poderá ir se a situação não melhorar aos 120, estamos aqui a falar de um aumento de 20% da matéria-prima, que irá ter mais proporções negativas para o consumidor nas próximas semanas”, afirmou Marco Silva.

Mas a carteira dos portugueses, bem como de todos os europeus, não se vai ressentir apenas na hora de abastecer os carros.

“Nós somos muito consumidores da Rússia num tema importante que é a energia. Se a Rússia decidir fechar a torneira, por assim dizer, até porque parte do gás que chega à Europa vem através da Ucrânia, do gasoduto Nord Stream 1, o Nord Stream 2 ainda não está em funcionamento e foi suspenso. A Europa está numa situação fragilizada, parece que não, mas está e imediatamente a questão da inflação, a subida de preços, escassez de alguns produtos muito provavelmente, porque a Ucrânia é um dos principais exportadores para a Europa de trigo, por exemplo, e é o maior produtor mundial de girassol, sementes de girassol, vamos ter aqui um aumento de preços e, eventualmente, alguma escassez”, acrescentou o especialista em Mercados Financeiros.

Marco Silva acredita que tudo vai depender das intenções de Moscovo na Ucrânia e do tempo que estas manobras vão levar. O especialista em Mercados Financeiros diz, no entanto, que o Ocidente terá uma palavra a dizer com o reforço das sanções à Rússia e lembra que o expoente da penalização será tirar o sistema bancário russo do suíço.