Caso Archie não foi o único a causar polémica no Reino Unido

Caso Archie: Tribunal Europeu dos Direitos Humanos nega pedido dos pais
D.R.

O caso de Archie não é o único a gerar discórdia e chamar a atenção dos tribunais e da imprensa. Recordamos agora outras histórias mediáticas.

Recuamos até 2017 para recordarmos o caso de Charlie Gard. Nasceu a 4 de agosto de 2016 com uma doença genética excecionalmente rara e incurável, chamada Síndrome de Depleção do ADN mitocondrial, que causa fraqueza muscular progressiva. Embora parecesse saudável à nascença, a saúde de Charlie rapidamente começou a agravar-se.

Em poucos meses, a criança ganhou graves lesões no cérebro e perdeu a capacidade de mexer os olhos e os membros. Os órgãos vitais entraram em falência e o bebé acabou por ter de ser ligado ao suporte básico de vida.

As equipas médicas consultaram especialistas em todo o mundo e concluíram que as máquinas deviam ser desligadas. Os pais de Charlie recorreram ao Supremo Tribunal de Justiça britânico mas acabaram por perder. Em julho de 2017, aos 11 meses de vida e em estado terminal, os médicos retiraram o suporte de vida ao bebé, no hospital pediátrico de Londres.

O caso atraiu a atenção dos quatro cantos do planeta, incluindo do antigo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Mais de 350 mil pessoas tinham também assinado uma petição para que a criança fosse levada para a América para ser sujeita a um tratamento experimental.

Praticamente um ano depois ocorreu o caso de Alfie Evans, um bebé de 23 meses em estado semivegetativo devido a uma doença neurológica degenerativa. Nascido em maio de 2016, foi internado em Liverpool em dezembro desse mesmo ano, de onde nunca mais saiu.

Os pais do menino entraram numa longa batalha judicial contra o hospital infantil e a justiça britânica, para que tivessem ordem de levar Alfie para Roma, em Itália, onde poderia continuar os tratamentos que o Reino Unido se recusava a prolongar. O tribunal britânico contrariou a vontade da família e Alfie morreu em abril de 2018.

No meio da controvérsia, há, no entanto, um caso de sucesso. Tafida Raqeeb, uma menina de cinco anos que saiu em janeiro de 2020 dos cuidados intensivos de um hospital em Itália. O hospital italiano ofereceu-se para receber a criança depois de o Royal Hospital de Londres ter anunciado que iria retirar o suporte básico de vida. A menina estava em coma desde fevereiro de 2019, após ter sofrido um AVC que provocou o rompimento de uma veia no cérebro.

Apesar de os médicos britânicos terem considerado o estado da menina irreversível, o Supremo Tribunal autorizou a transferência de Tafida para Génova. Atualmente com sete anos, Tafida continua internada e a recuperar na esperança de um dia poder ir para casa, mesmo com limitações.