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“Diplomacia silenciosa” foi essencial para retirada de civis

António Guterres não quer Russia excluída da conferência

Terceira operação de retirada de civis de Mariupol está em andamento.

O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, disse hoje que a “diplomacia silenciosa” produziu resultados na retirada de civis da cidade ucraniana de Mariupol, recusando dar detalhes sobre novas operações “para evitar minar possíveis sucessos”.

“Uma terceira operação [de retirada de civis de Mariupol] está em andamento – mas é nossa política não fornecer detalhes sobre qualquer uma delas antes de serem concluídas, para evitar minar possíveis sucessos”, disse Guterres perante o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

“É bom saber que, mesmo nestes tempos de hipercomunicação, a diplomacia silenciosa ainda é possível e às vezes é a única maneira eficaz de produzir resultados”, acrescentou.

Guterres, juntamente com a alta-comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, e o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, entre outros membros das Nações Unidas, participam hoje numa reunião do Conselho de Segurança sobre a situação na Ucrânia.

O secretário-geral fez um balanço da sua recente viagem à Rússia, Ucrânia e Polónia, que teve como foco a questão humanitária, salientando que obteve “algum sucesso”.

“Entrei numa zona de guerra ativa na Ucrânia sem possibilidade imediata de um cessar-fogo nacional e com um ataque em grande escala em curso no leste do país”, relatou o ex-primeiro-ministro português.

“No meu encontro com o Presidente [russo, Vladimir] Putin, sublinhei, portanto, o imperativo de permitir o acesso humanitário e evacuações de áreas sitiadas, incluindo (…) Mariupol. Exortei veementemente a abertura de um corredor humanitário seguro e eficaz para permitir que os civis alcancem a segurança a partir da fábrica de Azovstal. (…) Tenho o prazer de relatar algum tipo de sucesso”, disse Guterres.

Nos últimos dias, a ONU já conseguiu retirar cerca de 500 pessoas do complexo metalúrgico Azovstal e arredores, em duas operações de retirada de civis realizadas em conjunto com a Cruz Vermelha.

“Os civis retirados compartilharam histórias emocionantes com funcionários da ONU. Mães, filhos e avós frágeis falaram do seu trauma. Alguns precisavam urgentemente de cuidados médicos”, disse o secretário-geral.

Guterres disse ainda esperar que a coordenação contínua com Moscovo e Kiev leve a mais pausas humanitárias para permitir aos civis uma passagem segura para longe dos combates.

“Devemos continuar a fazer tudo o que pudermos para tirar as pessoas desses cenários infernais”, acrescentou.

Já Martin Griffiths destacou que “progressos diplomáticos” estão a verificar-se e que “finalmente estão a surgir os frutos” do trabalho da ONU.

“Estou satisfeito – e muito aliviado – por finalmente estarmos a fazer alguns progressos (…) e por isso sou grato às partes em conflito por manterem as suas palavras e permitirem esses movimentos”, disse Griffiths.

Contudo, o líder humanitário da ONU salientou que esses avanços não impeditam que milhares de vidas fossem perdidas, que pessoas fossem torturadas e executadas, e que o abuso sexual e tráfico de seres humanos aumentasse desde o início da guerra, em 24 de fevereiro.

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