Eduardo dos Santos: Filhos recusam funeral em Angola 

Eduardo dos Santos: Filhos recusam funeral em Angola 
REUTERS/Hugo Correia

A advogada que representa Tchizé dos Santos disse hoje que o antigo Presidente angolano não queria ser enterrado em Angola para evitar um aproveitamento político da cerimónia e porque os filhos não podem entrar no país.

“Tchizé e os irmãos querem que se respeite a vontade do pai, que é não ser enterrado em Angola, mas sim em Espanha, porque não quer que o atual Presidente da República utilize o seu enterro com fins políticos”, disse Carmen Varela à Lusa acrescentando que, para além disso, um enterro em Angola impossibilitaria o último adeus de vários familiares próximos, já que alguns dos filhos “não podem entrar em Angola e nem sequer têm passaporte angolano”.

A advogada que representa uma das filhas do antigo Presidente de Angola José Eduardo dos Santos, que faleceu hoje depois de duas semanas internado numa clínica privada em Barcelona, confirmou que foi interposta uma providência cautelar no tribunal para que o corpo não seja trasladado para Angola e revelou que “a clínica Teknon disse-nos que o corpo não vai sair da clínica enquanto não houver ou uma ordem judicial ou um acordo entre todos os filhos”.

Para já, a advogada requereu a realização de uma autópsia, e estava esta tarde a caminho de Barcelona, não só para realizar as diligências necessárias, mas também porque ela própria irá ser operada na mesma clínica, admitindo, aliás, estar “um pouco preocupada por ser operada na Teknon para a semana”.

Carmen Varela argumenta que “José Eduardo dos Santos já não era diplomata, a sua residência era Barcelona, e os únicos que têm decisão sobre o local do enterro são os filhos, já basta de manipulações políticas”.

Questionada sobre se existe algum documento onde essa vontade de José Eduardo dos Santos esteja expressa, a advogada disse que não viu esse documento, mas afirmou que foi entregue no tribunal uma declaração dos filhos onde essa vontade do pai está registada.

“Nem os ministros nem o Presidente podem passar por cima do desejo da família, a família não vai autorizar nenhum enterro em Angola porque os filhos do primeiro casamento não podem entrar em Angola e querem despedir-se do seu pai de forma livre em Espanha”, salientou, concluindo que forçar a trasladação para Luanda seria “uma violação dos direitos humanos da família”.

José Eduardo dos Santos morreu hoje aos 79 anos numa clínica em Barcelona, Espanha, após semanas de internamento, anunciou hoje a presidência angolana, que decretou cindo dias de luto nacional.