Impacto económico da guerra

Gasóleo português no top 10 de combustíveis mais caros da Europa

Litro de gasóleo aumentou 16 cêntimos e o de gasolina 10 cêntimos em Portugal, podendo vir a registar um novo aumento recorde na próxima semana.

Na segunda-feira, o preço do barril de petróleo quase que tocou nos 140 dólares, o valor mais alto dos últimos 14 anos. Os especialistas estimam que o valor possa atingir, em breve, os 150 dólares e traçam um cenário negro para a economia global, sobretudo agora que os EUA e os Aliados europeus estão a considerar banir o petróleo russo por causa da guerra na Ucrânia.

“Digamos que o petróleo a 140, 150 dólares era quase certo que traria uma recessão económica a nível global. Existe a possibilidade, por exemplo, de serem aceleradas as negociações com o Irão para o Irão começar a produzir mais e a exportar mais petróleo. Quando se diz embargo ao petróleo russo, existem muitas negociações atrás do pano, nomeadamente com a Arábia Saudita para que aumente a sua porção caso isso aconteça”, afirmou Marco Silva, especialista em Mercados Financeiros.

Mas a especulação em torno do barril de petróleo não é o único fator que está a influenciar o preço dos combustíveis fósseis. A desvalorização do euro face ao dólar também está a pesar nesta equação.

“Se o Euro desvaloriza em relação ao Dólar é natural que tenha aqui um movimento prejudicial. Porquê? Porque temos de utilizar mais euros para comprar a mesma quantidade de petróleo em dólares”, referiu o especialista.

O consumidor final é quem sofre mais com todas estas oscilações nos mercados. Quem abastece o carro, notou, a partir do início desta semana, que paga mais 16 cêntimos por litro no gasóleo e 10 cêntimos no caso do litro de gasolina.

A subida do preços dos combustíveis é transversal a toda Europa, mas sentida em Portugal com um impacto bem diferente.

“Por exemplo, a fatura dos combustíveis pesa numa família (portuguesa) 15 ou 20%. Numa família alemã, pesa-lhe 7% ou 5%. É esta a comparação que temos de fazer. Por isso, quando comparamos os combustíveis com o poder de compra, nós batemos os recordes e estamos sempre no pódio. Tem de haver um ajustamento no Imposto Sobre os Produtos Petrolíferos. Se já era um escândalo pagarmos mais de 60% de impostos nos combustíveis, agora ainda se torna mais e isto para não referir que, tal como noutros sítios, não nos podemos esquecer que estamos a pagar imposto de IVA sobre o imposto petrolífero. Portanto, é um imposto sobre outro imposto, é uma vergonha e digamos que não é de um estado de bem”, referiu Marco Silva.

O Executivo de António Costa rejeita a possibilidade de baixar o Imposto Sobre os Produtos Petrolíferos mas, de forma a mitigar o impacto destes aumentos históricos, o valor devolvido pelo programa Autovaucher vai passar de 5 para 20 euros.

Uma ajuda que, na próxima semana, deverá valer muito menos, uma vez que se prevê uma nova subida que pode chegar a mais de 10 cêntimos por litro de gasolina e de gasóleo.