Isabel II: 70 anos de reinado

Isabel II: 70 anos de reinado
REUTERS

A Rainha Isabel II cumpriu 70 anos de mandato, o maior alguma vez conseguido por um monarca britânico. Uma jornada longa e com alguns altos e baixos, provocados por uma família polémica. Ainda assim a rainha permaneceu quase sempre consensual e acarinhada pelos britânicos e pelo mundo.

Elizabeth Alexandra Mary Windsor nasceu princesa, mas não era suposto tornar-se rainha. O tio, o rei Eduardo VIII, abdicou da coroa e deu lugar ao irmão, que mais tarde seria rei Jorge VI, abrindo dessa forma o caminho para a filha, a pequena Lilibet, tornar-se rainha.

Aos 21 anos, na Cidade do Cabo e ainda princesa, Isabel II anunciava ao mundo a promessa que cumpriu toda a vida.

“Declaro diante vós que toda a minha vida, seja ela longa ou curta, será dedicada ao vosso serviço e ao serviço da nossa grande família imperial, à qual todos pertencemos”.

Isabel II chegou ao trono com apenas 25 anos, após a morte prematura do pai. Abraçou o cargo e abdicou dos planos inicialmente traçados com uma coroação transmitida pela primeira vez em direto na televisão.

Isabel II: 70 anos de governação
Reprodução/ http://www.royal.uk

O mediatismo com que iniciou o reinado viria a pautar os 70 anos de soberania da monarca mas se a família real foi sempre perita em enfrentar escândalos e picos de popularidade, a rainha foi a sempre imagem serena e quase imperturbável que manteve a família real e a monarquia britânica de pé.

Os escândalos da família real e o annus horribilis

Nos anos 90, as polémicas com o casamento e divórcio de Diana e Carlos, começaram a abalar a imagem da família real, nesse que foi um dos períodos mais conturbados da monarquia britânica.  Na verdade, três filhos da rainha divorciaram-se em 1992, provocando uma onda de turbulência. O ano, considerado pela monarca o annus horribilis ficaria anda marcado por um incêndio no Castelo de Windsor, uma das residências oficiais.

Em 1997, a morte da princesa Diana traria um dos momentos mais complicados da rainha que na altura de frieza por não mostrar a emoção que dominava o povo britânico. Já nessa altura soube reagir ao momento controverso, com um discurso muito bem recebido pelos britânicos.

“O que vos digo agora, como rainha mas também como avó, digo de coração. Quero prestar a minha homenagem a Diana, pessoalmente. Ela foi um ser humano excecional e talentoso. Nos bons e nos maus momentos, nunca perdeu a capacidade de sorrir e de amar, ou de inspirar os outros com o seu calor e simpatia”, afirmou a rainha

Hoje em dia, a família real procura afastar-se do escândalo com de alegado abuso sexual do príncipe André e até da polémica com o príncipe Harry, que deixou o Reino Unido para viver nos Estados Unidos com Meghan Markle e os dois filhos.

O pilar da família real

Isabel II foi a coluna vertebral que susteve a família, mas também foi criticada por uma imagem eventualmente austera e pautada por regras, mas essa austeridade que imprima nos outros, era-lhe aplicada também. Sobretudo a ela.

Será difícil esquecer a imagem da rainha completamente sozinha, devido às regras da pandemia, no funeral do marido, neste que foi mais um exemplo de que as regras se aplicam mesmo a todos.

Isabel II: 70 anos de governação
REUTERS

Ao longo de todo o seu reinado soube respeitar o lugar constitucional da monarquia, mantendo-se acima das questões políticas. “Acho que ela fez muito bem o papel de uma monarca constitucional. Ela não se envolveu na política”, explica Anna Whitelock, professora de história da monarquia na Universidade de Londres.

Isabel II foi uma das pessoas mais mediáticas do planeta mas conseguiu a proeza de manter a sua vida particular, privada, optando por nunca ter dado uma entrevista. “Ela é do mais carismático que existe, a mulher mais fotografada e famosa no mundo, mas é ao mesmo tempo muito enigmática. Nós mal a conhecemos. E acho que conseguir ficar acima da política, mas ao mesmo tempo ser vista como relevante e respeitada, é muito importante”, explicou.

Os números do reinado

Desde que subiu ao trono, por pela passaram 15 primeiros-ministros, entre eles Winston Churchill e Margaret Thatcher e 14 presidentes norte-americanos.

Uma guerra Mundial, uma pandemia, a primeira viagem à lua e entrada do Reino Unido na União Europeia e a saída, com Brexit. Isabel II assistiu a todos estes momentos, com fatos de cores garridas e uma pequena mala na mão.

A Rainha conseguiu adaptar-se ao mundo que a rodeava e surfar as ondas da mudança que atravessaram as décadas de governação.

70 anos de reinado e 96 anos de vida, num legado que permanecerá por muitos mais.