Lavrov diz que Putin não fez ameaça nuclear

Lavrov diz que Putin não fez ameaça nuclear
REUTERS/Brendan McDermid

Lavrov e Medvedev mostraram interpretações diferentes do discurso de Putin, quanto a uma possível ameaça nuclear.

Um dia depois de Vladimir Putin ter deixado a pairar a ameaça nuclear, Sergey Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros russo, vem dizer que o Presidente russo não fez qualquer aviso nesse sentido.

No entanto, horas antes, o ex-presidente russo, Dmitry Medvedev, tinha confirmado essa hipótese, ao dizer mesmo que a Rússia tem capacidade para atingir alvos na Europa e nos Estados Unidos. O atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia diz que foi anunciada não só a mobilização de militares na reserva mas também o uso de quaisquer armas russas, incluindo as nucleares estratégicas.

A verdade é que o novo decreto do Kremlin tem motivado protestos em vários pontos da Rússia, onde já terão sido detidas largas centenas de pessoas, incluindo jornalistas. Cada uma delas, recorde-se, arrisca uma pena até 15 anos de prisão só por participar numa manifestação.

Anúncio de Putin origina corrida aos voos na Rússia

Entretanto, continua a disparar a procura por bilhetes de avião para fora do país. Alex foi um dos russos que comprou uma passagem para a Turquia. Recusa-se a ir para a guerra.

O tráfego terrestre também aumentou, como se pode ver neste vídeo do canal NEXTA que mostra a fronteira entre a Rússia e Geórgia bastante condicionada.

O Governo finlandês também já disse ter notado um aumento do fluxo de carros na linha fronteiriça russa, mas também já anunciou que vai limitar ou impedir a entrada de turistas russos. Por outro lado, a Alemanha já disse que está pronta a receber desertores russos. Apesar desta aparente mobilização para a fuga, a Rússia garante ter já cerca de 10 mil voluntários para lutar.

Bloco europeu aumenta sanções

Depois de uma reunião extraordinária de ministros da União Europeia, em Nova Iorque, ficou acordado o aumento das ajudas militares à Ucrânia e ainda novas sanções contra a Rússia, que afetem a economia, tecnologia e cidadãos russos.

Decisões que surgem como retaliação pela ameaça de uso de armas nucleares, mas também em protesto contra a organização de referendos nas zonas ucranianas ocupadas. Uma consulta popular arranca esta sexta-feira e António Guterres já disse estar profundamente preocupado com estes planos.

Troca de prisioneiros

Entretanto, e numa surpresa para o ocidente, depois das duras declarações de Putin, ocorreu uma troca inesperada, até por ser a maior desde o início do conflito no Leste europeu. Kiev e Moscovo anunciaram a entrega de quase 300 prisioneiros de guerra. Como moeda de troca, a Rússia recebeu 55 detidos.

No palco do conflito, há notícia hoje de seis mortos no ataque a um mercado em Donetsk. A denúncia parte dos separatistas da região, que acusam as forças ucranianas de provocarem seis vítimas mortais e seis feridos.