Presidente tenta ultrapassar a crise no país e responder a uma das principais reivindicações dos protestos.
A presidente do Peru, Dina Boluarte, pediu esta sexta-feira ao Congresso que aprove a antecipação das eleições legislativas para 2023, numa tentativa para ultrapassar a crise no país e responder a uma das principais reivindicações dos protestos.
Se [os partidos] Força Popular e Aliança para o Progresso estão a pedir o que já tinham apresentado [uma antecipação das legislativas para 2023], que se retome nesse sentido essa proposta que não tem nenhum condicionamento e nos vai retirar do atoleiro em que nos encontramos”, disse no decurso de uma ação governativa.
O partido “fujimorista” [apoiante do ex-presidente de direita Alberto Fujimori] apresentou na quinta-feira uma proposta para a antecipação das eleições gerais no Peru, previstas para abril de 2024, para o corrente ano, e que será de novo debatida hoje no parlamento.
“As manifestações de protestos continuam, há mais bloqueios, mais violência, e assim conversámos com o ministro da Justiça e o primeiro-ministro e colocámos à consideração dos ministros o projeto de lei para antecipar (…) para dezembro de 2023”, disse Boluarte.
Desta forma, pediu ao parlamento que aceite a proposta do partido da direita radical e criticou a reivindicação dos manifestantes para a convocação de uma Assembleia constituinte para elaborar uma nova Constituição, “mais uma justificação para poder radicalizar e ensanguentar o país”, considerou.
A demissão de Boluarte, a dissolução do Congresso e a convocação imediata de eleições para uma assembleia constituinte, a punição para os responsáveis policiais e militares envolvidos na sangrenta repressão dos protestos e a libertação do ex-presidente Pedro Castillo — acusado de promover um “golpe de Estado” constitucional e em prisão preventiva desde o início de dezembro –, são as principais reivindicações da população, proveniente das zonas mais pobres do país e que agora se dirigiu para a capital.
A crise política que abala o Peru é também reflexo do enorme fosso entre Lima, a capital, e as províncias pobres que apoiam Castillo, de origem ameríndia, e que nunca foi aceite no Palácio Presidencial pela elite e a oligarquia citadina, e pelos principais ‘media’ na posse de abastados empresários.
Os protestos no Peru já provocaram pelo menos 50 mortos, centenas de feridos e detenções, e implicaram o início de diversas investigações sobre a atuação das forças policiais e militares, que consideram terem apenas respondido às ações dos manifestantes.