Quebra prevista na produção de cereais pode colocar em risco a alimentação mundial.
É mais uma das consequências do conflito na Ucrânia que já dura há 37 dias. A Rússia foi acusada na terça-feira, perante o Conselho de Segurança da ONU, de criar uma crise alimentar mundial e que pode ter repercussões em particular no norte da África e no Médio Oriente. Em causa está uma quebra prevista na produção de cereais que pode reduzir para metade a colheita.
Depois de no ano passado a Ucrânia ter colhido 106 milhões de toneladas de cereais, já será um prognóstico otimista se a diminuição na colheita deste ano se situar entre os 25 e os 50%.
Os dados são revelados pelo Ministro da Agricultura Ucraniano, em entrevista à agência France Presse, que explicou que o país era o quarto maior exportador mundial de milho e estava a caminho de se tornar o terceiro maior exportador de trigo.
Para além dos bombardeamentos nos terrenos ou da falta de combustível, a dificultar as colheitas está também a ida de muitos agricultores para o exército, o que cria uma escassez de mão-de-obra. O governo está, por isso,a criar um sistema de isenções temporárias que permitirão a estes trabalhadores não serem mobilizados para o campo de batalha.
De acordo com Mykola Solsky, neste momento, e sem qualquer plano traçado, cada agricultor tomará a sua decisão de plantações com base na disponibilidade de sementes, fertilizantes, pesticidas e combustível. O país já começou a semear trigo, cevada, aveia, girassol e soja.
O governo está ainda a trabalhar para aumentar a capacidade de exportação, crucial para a balança económica do país, com a ajuda dos caminhos-de-ferro.
A Ucrânia tem, contudo, reservas suficientes para alimentar a sua própria população, uma vez que o governo proibiu ou limitou a exportação de muitos produtos alimentícios, como trigo, açúcar, aveia, carne bovina ou aves.