“Ucrânia está a ser dizimada aos olhos do mundo”

Proteção dos civis deve ser

António Guterres pediu “o fim imediato das hostilidades e negociações sérias”.

“A Ucrânia está debaixo de fogo e está a ser dizimada aos olhos do mundo. Esta tragédia tem de parar. Precisamos de um fim imediato das hostilidades e negociações sérias baseadas na Carta das Nações Unidas e na lei internacional”, disse António Guterres, numa publicação no Twitter.

Em declarações aos jornalistas, em Nova Iorque, nos EUA, o secretário-geral das Nações Unidas afirmou ainda que “o impacto nos civis está a atingir proporções terríveis, com incontáveis pessoas inocentes, incluindo mulheres e crianças, a serem mortas”.

Guterres salienta que, com o passar dos dias, há duas certezas: “Está a ficar pior e, seja qual for o resultado, esta guerra não terá vencedores, apenas derrotados”.

“Mais de 600 mil pessoas já receberam algum tipo de ajuda”, revela o representante da ONU, acrescentando que há milhares de ucranianos sem água, eletricidade e com dificuldades a acesso a medicamentos.

Para ajudar no terreno, Guterres anunciou uma verba de 40 milhões de dólares (36,4 milhões de euros) das Nações Unidas para poder ajudar quem precisa e agradeceu a “solidariedade dos países” que acolheram refugiados nas últimas duas semanas.

CONSEQUÊNCIAS ECONÓMICAS DA GUERRA

Outra das dimensões abordadas por Guterres neste pronunciamento foram as consequências económicas desta guerra em países em desenvolvimento, que, além de terem sido fustigado pela pandemia de covid-19, veem agora o seu “cesto de pão” a ser bombardeado.

“A Rússia e a Ucrânia representam mais da metade da oferta mundial de óleo de girassol e cerca de 30 por cento do trigo do mundo. A Ucrânia sozinha fornece mais da metade do suprimento de trigo do Programa Mundial de Alimentos”, afirmou.

“Os preços dos alimentos, combustíveis e fertilizantes estão a subir rapidamente. As cadeias de fornecimento estão a ser interrompidas. E os custos e atrasos no transporte de mercadorias importadas — quando disponíveis — estão em níveis recordes”, lamentou, frisando que os mais pobres são os mais afetados por estes fatores.

António Guterres renovou assim o seu apelo para que os países “encontrem maneiras criativas de financiar” as crises humanitárias em todo o mundo, e cedam “imediatamente” fundos para esse fim.

“O meu apelo aos líderes é para que resistam à tentação de aumentar os orçamentos militares”, defendeu Guterres, que estendeu ainda os seus apelos pelo fim das ameaças de conflito nuclear.

O secretário-geral das Nações Unidas afirmou que “aumentar o nível de alerta das forças nucleares russas é um desenvolvimento de arrepiar os ossos” e que a perspetiva de um “conflito nuclear, antes impensável, agora está de volta ao reino das possibilidades”.

“É hora de parar o horror desencadeado sobre o povo da Ucrânia e seguir o caminho da diplomacia e paz”, pediu o português.