Abuso ocorre “em regra em menores de 13 anos”.
Dezoito por cento das meninas e oito por cento dos rapazes são vítimas de abuso sexual antes dos 18 anos, segundo uma análise internacional apresentada pelo psiquiatra Daniel Sampaio.
Os dados constam de uma análise da prevalência dos abusos sexuais na sociedade em geral e a nível global realizado pela Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica com base em 331 estudos independentes publicados em 217 publicações e revelam “a necessidade de se realizar um estudo a nível nacional”, disse o psiquiatra.
De acordo com a análise citada por Daniel Sampaio na sessão de apresentação do relatório da comissão independente, o abuso sexual ocorre “em regra em menores de 13 anos”.
A idade que aparece na análise é entre 09 e 10 anos, antes da puberdade.
“Acontece por adultos próximos da criança, familiares e conhecidos. Acontece também em instituições religiosas, escolares, desportivas”, indicou.
Segundo o psiquiatra, a característica fundamental do abuso sexual é poder que os abusadores têm sobre a criança.
Daniel Sampaio recordou que, nas entrevistas que fez, ouviu testemunhas dizer que “o senhor padre era a voz de Deus”.
A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica recebeu 512 testemunhos validados relativos a 4.815 vítimas desde que iniciou funções em janeiro de 2022, anunciou o coordenador Pedro Strecht.
Os casos de abusos sexuais revelados ao longo de 2022 abalaram a Igreja e a própria sociedade portuguesa, à imagem do que tinha ocorrido com iniciativas similares em outros países, com alegados casos de encobrimento pela hierarquia religiosa a motivarem pedidos de desculpa, num ano em que a Igreja se vê agora envolvida também em controvérsia, com a organização da Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa.