Agricultor em greve de fome volta a ser internado

Agricultor em greve de fome volta a ser internado

Luís Dias encontra-se em protesto há quase um mês.

Luís Dias, que se encontra há quase um mês em greve de fome à porta de São Bento, foi novamente internado.

De acordo com o ex-presidente da Associação Transparência e Integridade, o agricultor está a receber medicação por via intravenosa.

“Já nem interessa a prova dos factos. Estou só a tentar capacitar-me de que vivo num país incapaz de resolver um diferendo que teve várias promessas de conciliação antes que um cidadão morra de fome”, escreveu no Twitter João Paulo Batalha.

Para assinalar o 28.º dia de greve de fome, Luís Dias partilhou ontem um vídeo, garantindo estar disposto a dar a vida na luta para ver a sua situação resolvida.

Recorde-se que o agricultor esteve internado na semana passada, no hospital de São José, em Lisboa.

Na quinta-feira, o primeiro-ministro foi questionado no Parlamento por Rui Tavares, do Livre, sobre as reivindicações do empresário agrícola.

António Costa garantiu que o seu gabinete esteve em contacto com Luís Dias “várias vezes ao longo dos anos em que tem estado em manifestações” e que, neste momento, o Governo “não tem nada a fazer para responder a essa situação”.

“O senhor não tem razão. Não há nada a fazer, é muito simples”, concluiu o primeiro-ministro, perante os protestos de algumas bancadas.

O agricultor enfrenta, há vários anos, uma batalha judicial com o Estado, na sequência do financiamento da reconstrução de uma quinta destruída por uma tempestade em Idanha-a-Nova, em 2017.

Luís Dias ativou o apoio para danos causados por catástrofes naturais e, após análise, dois anos depois, o ministério da Agricultura avançou com um apoio 140 mil euros.

No entanto, o agricultor diz que até hoje ainda não recebeu qualquer verba. Em resposta, o ministério da Agricultura refere que a beneficiária do apoio, companheira de negócio de Luís Dias, tem de submeter um pedido de pagamento de acordo com os normativos nacionais e comunitários.

“O boicote e a prepotência reiterada do Estado tiraram-me tudo. A única coisa que me resta, para além da razão que o Estado reconhece, mas não repara, é a minha dignidade. Não vou ceder. […] Se quiser discutir isto comigo e por fim repor a justiça que está inteiramente nas suas mãos, estarei acampado em greve de fome à porta da sua residência, a partir da próxima sexta-feira”, afirmava numa carta aberta, enviada na altura ao primeiro-ministro, à qual a Lusa teve acesso.