Aluna acusa professor da Faculdade de Letras do Porto de a violar

Aluna acusa professor da Faculdade de Letras do Porto de a violar

Estudante estrangeira denuncia ter sido coagida a ter relações sexuais com um professor ao longo de meses, no gabinete dele e no apartamento dela.

A Faculdade de Letras da Universidade do Porto instaurou um procedimento disciplinar a um docente que foi acusado por uma aluna de abuso sexual.

Em causa está uma estudante estrangeira que diz ter sido coagida a ter relações sexuais com um professor ao longo de meses, no gabinete dele e no apartamento dela.

Tudo começou, segundo o jornal Público, em setembro de 2021, quando a aluna pediu ao professor ajuda para um artigo que estavam a preparar e o docente começou a a dizer “coisas inapropriadas para um professor dizer a uma aluna”.

“Colocou a mão em cima das minhas pernas, acariciou-me o busto, tocou os meus seios. Fiquei petrificada. Não soube o que dizer, o que fazer… Quando me dei conta, pedi para ele parar, levantei-me e saí da sala”, referiu a jovem no relato feito.

De acordo com a aluna, o professor “manipulava-me e abusava da sua autoridade a fim de obrigar-me a ter relações sexuais de toda natureza”, dizendo que “tinha poder para prejudicar as minhas notas, podia fazer com que fosse expulsa da faculdade”.

Os encontros eram semanais e em fevereiro a jovem descobriu que estava grávida. “Disse-lhe que não ia fazer um aborto. Ele ficou furioso e foi violento comigo pela primeira vez. Empurrou-me e eu caí no chão”, revelou adiantando que, em março, sofreu um aborto espontâneo. “Eu sentia-me devastada, destruída. Ele aproveitou-se dessa situação. Foi a última vez”.

Em resposta à Lusa, a instituição revelou que foi contactada pela primeira vez pela estudante a 26 de abril, tendo-lhe disponibilizado apoio para formalizar a denúncia no próprio momento.

“Após a apresentação da queixa, a faculdade tomou de imediato os passos necessários à instauração de um procedimento disciplinar, tendo sido nomeada no próprio dia 26 de abril uma instrutora para o processo”, explicou.

E, prosseguiu, em conformidade com as normas legais em vigor (Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas, n.º 35/2014) caberá agora à instrutora “ouvir o participante [a estudante, neste caso], as testemunhas por este indicadas e as mais que julgue necessárias, procedendo a exames e mais diligências que possam esclarecer a verdade”.

A faculdade acrescentou ainda que é a única queixa recebida até agora contra o professor em causa.

Contactado pela Lusa, o advogado do docente, Augusto Ínsua Pereira, rejeitou “categoricamente” as acusações.

O docente “nega totalmente qualquer tipo de facto, isto é uma monstruosidade que lhe estão a fazer, é uma situação absolutamente horrível, é medonho”, disse.

O causídico adiantou ainda que o professor está disponível para falar com as autoridades “logo que estas queiram”, não tendo ainda sido formalmente notificado para tal.

Além disso, a defesa entendeu que o propósito é “prejudicar a vida pessoal, familiar e profissional” do docente.