Antigo Presidente Mário Soares morreu há cinco anos

Antigo Presidente Mário Soares morreu há cinco anos
Rafael Marchante/REUTERS

Mário Soares é considerado a figura central da democracia portuguesa.

O antigo Presidente da República Mário Soares morreu há cinco anos no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, aos 92 anos, após um internamento de 26 dias na sequência de uma hemorragia.

Combatente pela democracia contra o Estado Novo, fundador e primeiro líder do PS, antigo primeiro-ministro e Presidente da República, Mário Soares é considerado a figura central da democracia portuguesa.

Nascido em 07 de dezembro de 1924, em Lisboa, Mário Alberto Nobre Lopes Soares, advogado, escritor e historiador, cuja vida se confunde com a própria história contemporânea portuguesa, morreu no dia 07 de janeiro de 2017, aos 92 anos, no Hospital da Cruz Vermelha.

O primeiro Governo liderado pelo secretário-geral do PS, António Costa, decretou três dias de luto nacional.

“Perdemos aquele que foi tantas vezes o rosto e a voz da nossa liberdade. Mário Soares foi um homem que durante toda a sua vida se bateu pela liberdade. Fê-lo contra a ditadura, sofrendo a prisão, a deportação e o exílio”, afirmou António Costa a partir de Nova Deli, onde então se encontrava em visita de Estado à Índia.

O presidente da Assembleia da República, o socialista Ferro Rodrigues, considerou que tinha morrido “o militante número um da democracia portuguesa”, enquanto o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, recordou Mário Soares como um “singular humanista e construtor de portugalidade”.

Três dias após a morte do fundador do PS, antigo primeiro-ministro (1976/1978 e 183/1985) e Presidente da República (1986/1996), em 10 de dezembro de 2017, milhares de pessoas, entre as quais 500 convidados, marcaram presença no funeral de Estado, que começou nos claustros do Mosteiro dos Jerónimos e terminou com um cortejo fúnebre até ao Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.

Nos claustros do Mosteiro dos Jerónimos, realizou-se a sessão solene evocativa de homenagem, que contou com diversas interpretações musicais e em que se escutaram uma mensagem de vídeo do primeiro-ministro, discursos emotivos dos filhos, João e Isabel Soares, e intervenções de Ferro Rodrigues e de Marcelo Rebelo de Sousa.

A coragem de Mário Soares nos momentos difíceis da sua vida foi recordada com emoção pelos filhos e ouviu-se também a voz de Maria de Jesus Barroso, mulher do antigo chefe de Estado, que falecera um ano e meio antes, em julho de 2015, a declamar “Os dois sonetos de amor da hora triste”, de Álvaro Feijó.

Para o primeiro funeral de Estado realizado em Portugal depois do 25 de Abril, deslocaram-se a Lisboa diversas entidades estrangeiras que estiveram também presentes da cerimónia de evocação, entre os quais o rei Felipe VI de Espanha e os Presidentes do Brasil, Cabo Verde e Guiné-Bissau, o presidente do Parlamento Europeu, o presidente da Assembleia Nacional angolana e o vice-ministro das Relações Exteriores de Cuba.

Após a cerimónia, que durou pouco mais de uma hora, à saída do Mosteiro dos Jerónimos, seis F-16 da Força Aérea sobrevoaram os céus da zona de Belém sob aplausos de centenas de pessoas.

Durante o funeral, de acordo com a reportagem da agência Lusa, o silêncio foi quase absoluto. Nem os passos dos militares que transportaram a urna se ouviram no meio do silêncio na alameda de entrada do Cemitério dos Prazeres.

A urna ficou junto à capela, decorada com uma foto gigante de Mário Soares e uma faixa preta com a frase “Unir os portugueses, servir Portugal”.

Pelos altifalantes, ouviu-se a voz de Mário Alberto Nobre Lopes Soares, no seu primeiro tempo de antena para as eleições presidenciais de 1986. Foi uma espécie de legado, dito pelo próprio: “Nasci num país intolerante e pobre, com fome nos campos e nas cidades”.

Foi depois lembrada a ditadura e a luta contra “o fascismo”, o 25 de Abril e a libertação do país.

E uma das últimas frases, que Soares proferiu no dia em que venceu a segunda volta das presidenciais, em 1986, em que reclamou para si a “vitória da tolerância”, a “vitória da liberdade”: “A verdade não pertence em exclusivo a ninguém e não há nada que substitua a tolerância”.