O pedido de desculpa às vítimas dos abusos sexuais na Igreja Católica vai ser feito em público e será criado um memorial de homenagem às mesmas. D. José Ornelas prometeu tolerância zero para os alegados agressores, mas não explicou se os suspeitos vão ser afastados de funções no seio da Igreja.
É a reação dos bispos portugueses ao duro conteúdo revelado pela comissão independente. A Conferencia episcopal garante dar o devido seguimento à lista de alegados abusadores que lhes chegou esta manhã às mãos, mas não concretiza se os vai ou não afastar de funções, independentemente do processo jurídico.
Apesar de ter sido dada a garantia de tolerância zero para com todos os que abusaram e ocultaram os crimes sexuais, ficou apenas claro que a lista de nomes seguirá para os bispos diocesanos e superiores maiores segundo as normas canónicas e civis em vigor.
Foi também anunciado pelo bispo D. José Ornelas que a Igreja Católica se compromete a ouvir as vítimas através de um grupo específico, articulado com a Equipa de Coordenação Nacional das Comissões Diocesanas de Protecção de Menores e Adultos Vulneráveis.
Será promovido um gesto público de perdão às vítimas e para que não o tema não cai no esquecimento, será construído um memorial no decorrer da Jornada Mundial da Juventude. D José Ornelas prometeu também o acompanhamento espiritual, psicológico e psiquiátrico a quem foi alvo de abuso sexual.
Quanto ao trabalho das Comissões Diocesanas e da Equipa de Coordenação Nacional, vai passar a ser feito apenas por leigos de várias áreas de atuação e não contará com elementos eclesiásticos, a não ser como possíveis assistentes.
Vinte dias depois da apresentação do relatório final da Comissão, os bispos portugueses anunciaram as medidas a tomar para fazer face ao fenómeno, depois de se terem reunido em Fátima, em assembleia plenária. A comissão recorde se que validou 512 dos 564 testemunhos recebidos por alegadas vítimas de crimes sexuais.
Em jeito de pressão e na véspera de se conhecerem as conclusões da hierarquia católica, um grupo de fiéis fez questão de escrever aos bispos portugueses a pedir o afastamento dos padres suspeitos de cometerem o crime ou de o encobrirem, independentemente do processo jurídico em curso. Numa carta assinada por mais de 200 católicos, foi feito uma espécie de ultimato para que estas medidas sejam tomadas dentro de dois meses.