Cerca de dois em cada dez universitários foram vítimas ou testemunhas de assédio

Cerca de dois em cada dez universitários foram vítimas ou testemunhas de assédio
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Cerca de dois em cada dez estudantes universitários já foram vítimas ou testemunhas de casos de assédio, segundo os resultados de um inquérito da Federação Académica de Lisboa. 

O inquérito foi promovido pela Federação Académica de Lisboa (FAL) nas últimas duas semanas e contou com respostas de 2.120 pessoas, na sua maioria estudantes (91%), mas também docentes, investigadores, trabalhadores técnicos e administrativos.

De acordo com os resultados, 13% dos inquiridos já foram vítimas de assédio e 7% testemunharam casos, sendo que os casos de assédio sexual e moral representam a esmagadora maioria (88%).

Por outro lado, os resultados revelam também que 12% dos inquiridos tiveram conhecimento de casos de assédio por terceiros.

Os números são mais elevados entre as mulheres, que também representam 65% das respostas.

“Quando isolada a população feminina, as vítimas de assédio sobem de 13% para 17%, e as testemunhas descem de 7% para 6%, o que revela que a prevalência do assédio é superior no género feminino”, refere a FAL em nota enviada à agência Lusa.

No entanto, a maioria das pessoas não denunciou o caso, seja por falta de convicção no resultado da denúncia (31%), pelo facto de a vítima não querer denunciar (25%), falta de conhecimento quanto aos meios de denúncia (17%) e a vontade de manter o anonimato (16%).

Alguns inquiridos também admitiram não ter denunciado por receio de represálias.

Por outro lado, entre aqueles que o fizeram, 63% não ficaram satisfeitos com o desfecho e 19% ainda aguardam resolução.

Quanto aos meios de denúncia, 85% referiram não ter conhecimento de qualquer gabinete ou linha de denúncia. Questionados sobre a necessidade desses mecanismos, a esmagadora maioria (92%) concordou.

Face aos resultados, a FAL voltou a insistir na necessidade de as instituições criarem gabinetes e linhas de denúncia anónima de casos de assédio, bem como o reforço das condições de segurança junto às universidades e politécnicos.

Uma das instituições que abriu linhas de denúncia foi a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, na sequência da divulgação, em abril, de um relatório do Conselho Pedagógico, que recebeu 50 queixas de assédio e discriminação em apenas um mês.

No entanto, até ao início de dezembro, foram recebidas apenas dez queixas através desse canal, o mesmo número registado no final de maio.