Detidas quatro pessoas suspeitas de burlas a milhares de brasileiros

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Três brasileiros e uma portuguesa foram detidos em Lisboa pelo SEF. São quatro de seis suspeitos procurados pelas autoridades brasileiras por encabeçarem um esquema à filme de Hollywood. O grupo terá criado uma empresa no Brasil para atrair investimentos em falsos negócios na Bolsa de Valores e burlado milhares de brasileiros em todo o mundo.

Com escritórios em Lisboa, o grupo ostentava e prometia lucros aliciantes, precisamente para atrair a atenção e o investimento das vítimas. A maioria, de nacionalidade brasileira, espalhados por todo o mundo eram alvo de um esquema altamente organizado.  

O grupo e o esquema estavam a ser investigados pela Polícia Civil do Distrito Federal no Brasil há mais de um ano. A Operação Difusão Vermelha faz até uma alusão ao filme Lobo de Wall Street no qual Leonardo DiCaprio é protagonista, precisamente pela dimensão do esquema e do crime quase perfeito.

A empresa, criada no Brasil, tinha escritórios em Lisboa onde estavam empregados centenas de brasileiros. As vítimas eram contactadas através destes call centers que utilizavam uma aplicação para simular que a chamada era feita a partir do Brasil. O aliciamento era então feito com promessas de lucros elevados e rápidos através de investimentos de alta rentabilidade na Bolsa de Valores. Milhares de pessoas perderam muito dinheiro, algumas até se endividaram.

A investigação das autoridades apurou que afinal tudo não passava de um esquema, e o dinheiro das vítimas nunca tinha sido investido. As elevadas quantias de dinheiro eram desviadas para contas bancárias dos burlões e convertidas em criptomoedas.

O grupo de seis suspeitos era procurado pela justiça brasileira, com mandados de captura internacional emitidos. Por Lisboa, os inspetores do SEF ter-se-ão disfarçado de sem-abrigo para conseguirem apanhar os burlões. Três brasileiros e uma portuguesa foram detidos esta segunda-feira em Lisboa. Há ainda outros dois homens que pertencem ao grupo fora do Brasil. Um de nacionalidade angolana e outro da República Checa, apontado como o líder do esquema. Um deles foi também detido no aeroporto de Frankfurt, na Alemanha, mas há um dos elementos do grupo que permanece em fuga.

Os suspeitos respondem por crimes de peculato, fraude eletrónica e comercial, lavagem de dinheiro e associação criminosa e arriscam mais de 50 anos de prisão no Brasil. Os quatro detidos em Lisboa vão ser ouvidos no Tribunal da Relação para conhecerem as medidas de coação, enquanto decorre o processo de extradição para o Brasil.