Football Leaks: Rui Pinto confessa que teve acesso ao próprio processo antes de ser detido

Rui Pinto
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Na quarta sessão do julgamento do processo Football Leaks, Rui Pinto confessou que teve acesso ao próprio processo dois anos antes de ser detido.

Em tribunal disse ainda que não confiava nas autoridades portuguesas, por isso estava a colaborar com as francesas no âmbito do programa de Proteção de Testemunhas. 

Era sob proteção das autoridades gaulesas que Rui Pinto estaria prestes a viajar para França. Acabou por ser travado na Hungria, pelos inspetores da Polícia Judiciária, no dia 16 de janeiro de 2019.

Na quarta sessão de julgamento, Rui Pinto admitiu que estava a colaborar ativamente com o Ministério Público francês, que recebeu informação de processos investigados.

“Entreguei uma ‘pen drive’ aos procuradores franceses com informação para que eles percebessem o que estava na minha posse. Tive também uma reunião com elementos da equipa especial da polícia francesa sobre o programa de proteção de testemunhas. Combinei com eles que ia resolver a minha vida em Budapeste e, depois, agendava-se uma data para eu ir para território francês”, explicou o arguido em tribunal.

Questionado sobre o que o levou a trabalhar com as autoridades francesas, em vez das portuguesas, Rui Pinto disse que queria fazê-lo, mas as inúmeras ameaças de morte que recebeu, impediram-no. Detalhou que não sentia segurança e que desconfiava da justiça portuguesa.

Rui Pinto explicou que as autoridades de outros países mostraram sempre mais interesse nas informações que tinha.

“Estava em prisão preventiva e as autoridades portuguesas não mostraram qualquer tipo de abertura para essa colaboração, porque achavam que tinham tudo controlado. Mal eles sabiam o que viria, meses depois, com o Luanda Leaks. Aí, houve abertura do MP em arranjar uma plataforma de entendimento”, afirmou.

O denunciante também explicou que acedeu à caixa de correio do antigo diretor do Departamento Central de Investigação e Ação Penal, Amadeu Guerra, para tentar encontrar a fonte judicial de algumas peças jornalísticas sobre a revelação de e-mails do Benfica. Rui Pinto admitiu ainda em tribunal ter tido acesso ao próprio processo judicial dois anos antes de ser detido. No entanto, não explicou ao coletivo de juízes a forma como o fez. O julgamento prossegue na próxima semana.