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Grupo Vita sinalizou 16 casos de violência sexual na Igreja ao MP e à PJ

214 queixas de abusos sexuais na Igreja num mês

Foram igualmente comunicados 45 casos às estruturas ligadas à Igreja, das quais 27 para as comissões diocesanas.

O Grupo Vita reportou ao Ministério Público (MP) e à Polícia Judiciária (PJ) 16 casos de violência sexual no contexto da Igreja Católica durante os primeiros seis meses de atividade, segundo o relatório hoje apresentado.

Segundo o documento da estrutura criada pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) para o acompanhamento das vítimas de abusos sexuais, além das 16 situações sinalizadas às autoridades para investigação (ficaram de fora os casos em que o denunciado já tivesse morrido ou existisse um processo judicial), foram igualmente comunicados 45 casos às estruturas ligadas à Igreja, das quais 27 para as comissões diocesanas.

O relatório do grupo coordenado pela psicóloga Rute Agulhas indica que foram recebidas 278 chamadas telefónicas entre 22 maio e 30 novembro, englobando não só casos de violência sexual na Igreja, mas também outras formas de violência e ocorrências não relacionadas com a missão do Grupo Vita. As estatísticas indicam que 25% das chamadas recebidas ocorreram ainda em maio, na primeira semana de funcionamento desta estrutura.

A partir dos contactos telefónicos e do site foram identificadas 64 vítimas e uma pessoa (leigo) que alegadamente cometeu crimes sexuais no contexto da Igreja, tendo esta situação já sido anteriormente sinalizada à justiça penal e canónica e sujeita a encaminhamento para apoio psicológico com um profissional da bolsa de especialistas criada pelo grupo Vita.

Foram realizados 42 atendimentos (presenciais e online) com vítimas, das quais três não se podiam considerar como adultos vulneráveis, pelo que a caracterização deste universo foi feita com base em 39 atendimentos. A maioria (69,2%) destas situações não tinha sido reportada no trabalho feito antes pela Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica e terá ocorrido nas décadas de 60 e 80 do século XX.

Na grande maioria (84,6%) destes casos não foi apresentada uma denúncia às estruturas eclesiásticas ou às autoridades judiciárias.

Até ao momento houve já 18 vítimas encaminhadas para apoio psicológico, duas para apoio psiquiátrico, quatro para apoio social, uma para apoio jurídico e quatro para apoio financeiro.

O Grupo Vita pode ser contactado através da linha de atendimento telefónico (91 509 0000) ou do formulário para sinalizações, já disponível no ‘site’ http://www.grupovita.pt.

Criado em abril, no âmbito da Conferência Episcopal Portuguesa, assume-se como uma estrutura isenta, autónoma e independente e visa acolher, escutar, acompanhar e prevenir as situações de violência sexual de crianças e adultos vulneráveis no contexto da Igreja Católica.

O Grupo Vita surgiu na sequência do trabalho da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, que ao longo de quase um ano validou 512 testemunhos de casos ocorridos entre 1950 e 2022, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de 4.815 vítimas.

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