Informação, capacitação e consciencialização como passo para o bom envelhecimento

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“Desinformação abre portas a muitas situações entre as quais as de maus-tratos.”

A presidente da Associação Nacional de Gerontólogos defendeu que a informação, capacitação e consciencialização sobre o envelhecimento, com tudo o que ele comporta, é o primeiro passo para se conseguir estar numa sociedade onde seja bom envelhecer.

Em entrevista, Filipa Luz fez a radiografia de um setor com múltiplas questões por resolver.

Alertando para o facto de se estar perante uma sociedade muito desinformada” e que “a desinformação abre portas a muitas situações entre as quais as de maus-tratos [em lares]”, a dirigente enfatizou que a “informação, capacitação e a consciencialização sobre o envelhecimento, com tudo o que ele comporta, é o primeiro passo que tem de ser dado para se conseguir estar numa sociedade onde seja bom envelhecer”.

Um levantamento efetuado em 2022 junto dos profissionais no terreno resultou, segundo Filipa Luz, em 14 recomendações que apresentaram à Secretária de Estado para a Inclusão sobre o que devia ser mudado ao nível da legislação.

Das conclusões, ao nível da contratação, a associação propôs duas medidas: “a criação de uma bolsa de trabalhadores para esta área, mesmo aquelas que não têm formação e, por outro lado, criar dentro das instituições – e aqui deveria ser uma exigência às instituições – um pacote de formação básico ao nível do envelhecimento (…) dando-lhes formação técnica para trabalhar com os mais velhos”, destacou a dirigente.

“Obviamente que isto representa um investimento e obviamente que temos de ter profissionais dentro das instituições, como é o caso do gerontólogo, que esteja devidamente preparado para capacitar essas pessoas [dessa forma], absorvendo a massa trabalhadora que quer trabalhar em contexto institucional, apesar de serem poucos, e formá-los e capacitá-los para que possam prestar cuidados humanizados”, disse a responsável.

Do Governo, recordou, “as respostas foram muito positivas”, aguardando, entretanto, pelo “que vai sair em termos de nova legislação para estas áreas”.

“A secretária de Estado Ana Sofia Antunes estará presente na sessão de abertura [do congresso] e aguardamos com muito expectativa o que ela irá dizer sobre esta matéria. Sabemos que há um interesse governativo em pensar diferente sobre estas respostas, aguardamos é que de forma isso vai ser feito”, disse.

Ciente da importância da fiscalização nestas respostas sociais, Filipa Luz defende, também, que a Segurança Social avalie o trabalho das instituições.

“Não basta apenas fiscalizar, pois não basta saber se a instituição cumpre e tem os seus processos individuais orientados. Se calhar, enquanto familiar, interessa-me mais perceber o nível de qualidade de vida dos residentes na instituição”.

Ainda sobre o congresso, assinalou que estão associadas cincos instituições do ensino superior e mais de 10 municípios como parceiros do interior ao litoral, do norte ao sul do país e também a marinha portuguesa, para sublinhar que “o envelhecimento é um tema que não diz respeito apenas à sociedade e que está a ser colocado de forma desafiante em vários domínios”.

“O objetivo é, após o congresso, conseguirmos organizar um conjunto de linhas orientadoras para influenciar as políticas nacionais”, disse Filipa Luz.