Jéssica morreu com mais de 100 lesões no corpo

Caso Jéssica: Arguidos condenados a pena máxima
D.R.

A mãe da pequena Jéssica entregou a filha três vezes aos raptores como forma de pagamento de uma dívida. A autópsia revela que a menina morreu com 125 lesões no corpo.

São detalhes perturbadores revelados agora na acusação do Ministério Público. A pequena Jéssica morreu com 125 lesões no corpo internas e externas, incluindo nas zonas genitais.

A autópsia concluiu ainda que foi vítima da síndrome de criança abanada. Durante os seis dias em que Jéssica esteve sob sequestro na casa de Tita, foi várias vezes agredida com puxões de cabelos, a murro e pontapés em todo o corpo, incluindo na zona da cabeça, além de lhe terem entornado um produto abrasivo no rosto.

Mãe de Jéssica não socorreu a filha

O despacho de acusação refere ainda que um dia antes de Jéssica morrer, a mãe esteve na casa dos raptores, apesar de estar visivelmente em sofrimento, nada fez para a socorrer.

Nessa altura, Jéssica estava num quarto, despida e apenas com a fralda colocada. Não abria os olhos, não falava e por todo o corpo tinha extensas mazelas. Na acusação, agora conhecida, o Ministério Público detalha que a menina teve uma convulsão e começou a enrolar a língua. Tita pediu que Inês fosse à cozinha buscar uma colher, colocando o cabo na boca de modo a evitar a asfixia. A seguir, a mãe foi para casa e deixou a filha nas mãos da família de Tita

Na tese da procuradora do Ministério Público, Inês Tomás ignorou as graves lesões e a agonia da filha e não denunciou a ninguém o que estava a acontecer, inclusivamente ao namorado com quem foi nessa mesma noite a um bar de Karaoke.

Jéssica esteve várias horas em agonia

Na manhã seguinte, Tita ligou a Inês para ir buscar a filha. Disse que a levasse para casa e que a devolvesse quando estivesse melhor, como forma de pagamento pela dívida de uma bruxaria.

Foi o que a mãe fez: levou a bebé, embrulhada num cobertor e deixou-a em sofrimento na cama. Voltou a sair e só regressou a casa seis horas depois. Nessa altura, Jéssica já não respirava. Terá sido o companheiro a ligar ao INEM. Uma hora depois, a menina morreu no hospital.

Criança foi utilizada como correio de droga

Ainda segundo a acusação Tita e a filha utilizaram a menina como mula de droga e violaram-na, introduzindo cocaína no organismo numa viagem entre Leiria e Setúbal.

Tita, Justo, Esmeralda e Inês estão acusados de homicídio qualificado. A família responde ainda por rapto, coação e ofensas à integridade física qualificada.