PUB
Notícias Portugal Julgamento da morte de Sara Carreira prossegue hoje

Julgamento da morte de Sara Carreira prossegue hoje

Homem que conduzia alcoolizado no acidente que vitimou Sara Carreira julgado por homicídio negligente
PUB
pub superbook

Paulo Neves, Cristina Branco e Ivo Lucas são acusado de homicídio por negligência. 

O julgamento do caso da morte da cantora Sara Carreira voltou hoje ao Tribunal de Santarém.

Ontem foram ouvidos os quatro arguidos, Cristina Branco, Ivo Lucas, Tiago Pacheco e Paulo Neves, assim como quatro testemunhas, dois militares da GNR, um ex-bombeiro e uma mulher que parou para ajudar as vítimas. 

Paulo Neves, Cristina Branco e Ivo Lucas são acusado de homicídio por negligência.

Assistentes no processo, os pais de Sara Carreira ouviram os quatro arguidos e quatro testemunhas.

À saída do tribunal, o pai de Sara expressou desilusão.

“Sinto-me desiludido. Tenho muita compaixão para dar e vender, mas não por mentiras. A amnésia está na moda dentro dos tribunais”, disse Tony Carreira.

Condutor nega que circulava a 30 km/hora

O condutor do veículo que deu origem ao acidente que vitimou Sara Carreira negou estar a circular a cerca de 30 quilómetros por hora como referem os peritos, mas sim a 80 quilómetros por hora.

Paulo Neves disse discordar dos resultados da perícia, que concluiu que circularia a uma velocidade entre os 28 e os 32 quilómetros por hora na Autoestrada 1 (A1), na zona de Santarém, na altura em que o carro da segunda arguida, Cristina Branco, embateu na sua viatura.

“Sobre a velocidade tenho muitas dúvidas”, disse, defendendo que estaria a circular entre os “70 a 80 quilómetros por hora”.

Já sobre a taxa de alcoolemia, disse “ter de aceitar” o resultado do teste, que acusou uma taxa de álcool de 1,18 gramas por litro de sangue (acima por permitido por lei – 0,5 gramas por litro), explicando ter estado a lanchar com dois colegas e ter “comido queijo e bebido vinho”, sem conseguir especificar a quantidade.

No entanto, o arguido disse estar consciente da sua condução.

“Estava plenamente consciente do estava a fazer”, afirmou Paulo Neves ao Tribunal de Santarém.

“Pus a mão no peito da minha filha, travei e disse ‘vamos bater’”

Segundo a descrição do acidente, a viatura de Cristina Branco embateu, cerca das 18:30, no veículo de Paulo Neves, que circulava na faixa da direita, alegadamente a uma velocidade inferior à mínima permitida por lei (50 Km/h) e depois de ter ingerido bebidas alcoólicas.

A viatura de Cristina Branco embateu, de seguida, na guarda lateral direita, rodando e imobilizando-se na faixa central da A1.

Apesar de ter ligado as luzes indicadoras de perigo, a fadista, que abandonou a viatura na companhia da filha, foi acusada pelo Ministério Público de não ter feito a pré-sinalização de perigo.

A fadista contou ao tribunal: “Vi umas luzes mesmo em frente ao meu carro, pus a mão no peito da minha filha, travei e disse “vamos bater”.

Cristina Branco explicou à juíza Marisa Dias Ginja que a sua preocupação foi “colocar a filha em segurança”, no separador central da A1 e que não colocou o triângulo de sinalização do acidente porque se encontrava “confusa e em estado de choque” e porque “estavam carros a circular”, entre os quais recorda a passagem de um camião.

A primeira sessão do julgamento foi marcada pela audição de Ivo Lucas, namorado da cantora, que conduzia o carro em que ambos circulavam e que está acusado também de um crime de homicídio por negligência grosseira.

Sara Carreira gritou ‘cuidado’ antes do embate

Num testemunho emotivo, o terceiro arguido a ser ouvido pelo tribunal recordou que ele e Sara Carreira se deslocavam do Porto com destino à Charneca da Caparica, onde a cantora deveria jantar com a mãe, e seguiriam para um fim de semana com amigos, em Salvaterra de Magos.

Ivo Lucas afirmou que vinham a conversar e que só se apercebeu de “um vulto” no mesmo momento em que Sara Carreira “gritou ‘cuidado’”, tendo embatido de seguida na viatura de Cristina Branco.

A fadista tinha já testemunhado que havia visto o carro do casal “sobrevoar” o local onde se encontrava com a filha, embater no separador e capotar várias vezes.

Já Ivo Lucas disse não se ter apercebido do impacto e só ter consciência a partir do momento em que se encontrava “a atravessar a estrada, sem t-shirt e com o braço todo desfigurado”.

“Não sabia onde estava, não sabia o que tinha acontecido e não sabia da Sara”, recordou, acrescentando que, dois anos depois do acidente, as suas memórias continuam a ser apenas ‘flashes’ que não consegue “ordenar cronologicamente”.

No acidente esteve ainda envolvido Tiago Pacheco que seguia pela via central da A1 e que, segundo a acusação, não reduziu a velocidade, mesmo apercebendo-se que passava por um acidente, não conseguindo desviar-se da viatura de Ivo Lucas (que ocupava parcialmente aquela faixa), onde este ainda se encontrava, bem como Sara Carreira.

Este foi o último arguido a falar esta manhã ao tribunal, tendo também discordado da velocidade que a acusação alega que ia [entre 146,35 e 155,08 Km/h].

O condutor alegou que circulava a “85/86 quilómetros por hora” poucos minutos antes do embate e que não terá travado ao passar pelo acidente por não ter “sentido a necessidade de abrandar”.

Tiago Pacheco disse ainda não ter visto qualquer sinalização de acidente e só se ter apercebido de “luzes laranja” na faixa direita da A1, tendo passado pelo meio dos carros acidentados “passando por cima de destroços” e acabando por embater com o seu carro na viatura conduzida por Ivo Lucas.

Exit mobile version