Julgamento do homicídio de adolescente em Setúbal novamente adiado

Homem que matou companheira condenado a 22 anos de prisão

Adiamento devido à greve dos funcionários judiciais e oficiais de justiça.

O julgamento de dois jovens acusados do homicídio de um rapaz de 15 anos do Centro Jovem Tabor, em Setúbal, foi hoje novamente adiado devido à greve dos funcionários judiciais e oficiais de justiça, revelou fonte do tribunal local.

O início do julgamento esteve agendado inicialmente para segunda-feira, dia 20 de março, no Tribunal de Setúbal, mas foi também adiado devido à greve dos funcionários e oficiais de justiça, situação que se repetiu hoje, não tendo sido avançada nenhuma nova data para a realização do mesmo.

Os dois arguidos, Leandro Vultos, agora com 19 anos, e Ricardo Cochicho, de 18, estão acusados da morte de Lucas Miranda, em 15 de outubro de 2020, quando os três se encontravam ao cuidado do Centro Jovem Tabor, uma instituição particular de solidariedade social (IPSS) sob a dependência da Diocese de Setúbal da Igreja Católica, que acolhe jovens com dificuldades de inserção na sociedade.

Leandro Vultos foi acusado pelo Ministério Público dos crimes de homicídio qualificado, profanação de cadáver e ameaça agravada, e Ricardo Cochicho como cúmplice da prática do crime de homicídio qualificado e como coautor de um crime de profanação de cadáver.

O Ministério Público refere no despacho de acusação que a morte do jovem Lucas Miranda terá ocorrido por asfixia mecânica, depois de o arguido Leandro Vultos lhe ter aplicado um golpe de mata-leão (uma técnica de estrangulamento), mas a mãe adotiva do jovem assassinado tem outro entendimento.

Jéssica Manuela Neves Casinha Nova, a mãe adotiva de Lucas Miranda e assistente no processo, deduziu acusação particular, em que acusa os dois arguidos dos crimes de “homicídio qualificado e profanação de cadáver” e defende a realização de nova autópsia, por considerar que “existem incongruências entre a análise e fundamentos dos relatórios e as suas conclusões, nomeadamente relativamente a qual a causa, ou quais as causas, de morte”.

A acusação da assistente sustenta ainda que, depois de o arguido Leandro ter aplicado um golpe de mata-leão (uma técnica de estrangulamento) que deixou Lucas Miranda inanimado, “os arguidos agrediram violentamente o crânio de Lucas Miranda, com socos, com paus e outros objetos contundentes, tirando-lhe, desse modo, a vida”.

A responder perante o Tribunal de Setúbal, no âmbito do mesmo processo, estará também Rodrigo Soares, de 18 anos, pela prática de diversos crimes de ofensas à integridade física simples e de ameaça agravada a outros jovens do Centro Jovem Tabor, mas que não foi acusado pelo homicídio de Lucas Miranda.