Mulheres são mais precárias e cada vez menos protegidas no desemprego

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Lusa

Representam mais de 50% da população desempregada.

As mulheres têm vínculos mais precários que os homens e estão cada vez menos protegidas no desemprego, representando mais de 50% da população desempregada, segundo uma análise da CGTP.

“A situação das mulheres trabalhadoras em Portugal está a deteriorar-se. O desemprego está a aumentar, o emprego é cada vez mais precário e mal pago”, conclui um estudo da CGTP.

Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) analisados pela CGTP, no 4.º trimestre de 2022 havia 183 mil trabalhadoras desempregadas e mais 176 mil desencorajadas e subempregadas, o que perfaz um total de 359 mil mulheres.

As mulheres são mais de metade dos desempregados (53%), tendo o número aumentando em 15 mil no último trimestre de 2022 face ao mesmo período do ano anterior.

De acordo com a análise, a taxa de desemprego entre as mulheres aumentou de 6,5% para 7,0% no referido período, sendo mais elevada do que a dos homens (6,1%).

Já a taxa de desemprego das jovens trabalhadoras com menos de 25 anos atingiu os 20,5%, mais alta também do que a dos jovens trabalhadores, de 19,4%.

O estudo da intersindical indica ainda que as mulheres são a maioria dos trabalhadores subempregados (65%) e são as mais atingidas pelo desemprego de longa duração, ou seja, que estão há um ano ou mais desempregadas.

Ao mesmo tempo, as mulheres são cada vez menos protegidas no desemprego.

“Apenas 35% do número real de trabalhadoras desempregadas tinha uma prestação de desemprego no 4.º trimestre, quando há um ano eram 49%”, pode ler-se no documento.

Segundo a análise, mais de 60% das desempregadas têm prestações de desemprego até 500 euros, “portanto inferiores ao limiar de pobreza (551 euros).”

“A baixa cobertura das prestações de desemprego e os valores prestacionais reduzidos têm como consequência que a percentagem de trabalhadoras desempregadas que vive em situação de pobreza mesmo após as transferências sociais seja de 40%”, sublinha a intersindical.

A precariedade do emprego aumentou em termos globais no 4.º trimestre de 2022, de 16,2% para 17,2% mas é também mais elevada nas mulheres (17,8%), que representam 53,5% dos trabalhadores com vínculos precários.

“Há um ano a incidência da precariedade era semelhante entre homens e mulheres trabalhadores, o que significa que a situação das mulheres ainda se está a deteriorar mais que a dos homens”, destaca a central sindical.