Pavlo Sadokha foi buscar a família à fronteira na Polónia

Pavlo Sadokha foi buscar a família à fronteira na Polónia

Presidente da Associação de Ucranianos em Portugal considera que as ações de Vladimir Putin contra a Ucrânia não vão ser perdoadas pelo povo.

Desde o abandono de casa, na Ucrânia, até chegar a terras lusas, a família do Presidente da Associação de Ucranianos em Portugal demorou uma semana até poder respirar de alívio. Estão todos a salvo, aqui em Lisboa, mas nem todos estão cá por vontade própria.

Quando chegou à fronteira da Polónia com a Ucrânia, Pavlo Sadokha encontrou no pai o exemplo da resistência ucraniana. Queria morrer no país onde nasceu, mas acabou por ceder aos apelos desesperados dos filhos.

Ainda assim, o choque de deixar toda uma vida para trás continuou a falar mais alto.

“A questão é que milhares e milhares de pessoas estão neste estado. Todo o caminho, em que demorámos três dias a chegar a Portugal, parámos para dormir, falámos sempre e era difícil porque, de vez em quando, o meu pai começava a chorar, a minha sobrinha de 15 anos começava a chorar”, afirmou Pavlo Sadokha.

Algo difícil de fazer por estes dias, sobretudo numa altura em que não param de chover os pedidos de ajuda, à medida que a Ucrânia continua a ser arrasada pelas forças russas.

Para Pavlo, a ofensiva de Moscovo não tem qualquer perdão: “Já não há nenhum ucraniano, pró-russo ou pró-ucraniano, seja o que for de ideologia ou religião, que não tenha ódio a Putin e àquilo que ele fez. Isso já não vai ser perdoado. O cessar-fogo é o mais importante porque ninguém quer que morra mais alguém.”

Ainda não há entendimento para pôr fim a este drama, mas a onda solidária com o povo ucraniano não pára de crescer. Portugal já enviou toneladas de alimentos e roupas para a Ucrânia e continua de braços abertos para acolher quem quer fugir da guerra.

“Quero agradecer a todos os portugueses que deram tanto carinho e dão este carinho que Portugal, neste caso, infelizmente nesta tragédia humana, mostrou o exemplo de humanidade”, afirmou o presidente da Associação de Ucranianos em Portugal.