SNS lança projeto piloto para reduzir utilização inapropriada das Urgências

Linha SNS24 atendeu mais de 850 mil chamadas nos primeiros 11 dias do ano

Ideia é que os utentes, numa situação não emergente, utilizem, preferencialmente, o contacto com a linha telefónica SNS 24.

O diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) apresentou os contornos do projeto-piloto ‘Ligue antes, salve vidas’, que visa a reduzir a utilização inapropriada ou evitável dos serviços de urgência dos hospitais.

A iniciativa foi detalhada por Fernando Araújo, na Póvoa de Varzim, que, juntamente o concelho vizinho de Vila do Conde, vai acolher este projeto, em que os Centros de Saúde passam a ter uma maior preponderância na resposta aos problemas da população.

A ideia é que os utentes, numa situação não emergente, utilizem, preferencialmente, o contacto com a linha telefónica SNS 24 antes de se deslocarem aos serviços de urgência dos hospitais, para que seja feita uma avaliação da situação, em tempo útil, e aconteça o encaminhamento para um local adequando para o problema, dentro da rede do SNS.

“O projeto visa qualificar uma resposta ao doente agudo, mas não emergente, com o objetivo claro de criar alternativas mais seguras e com mais qualidade, dizendo onde pode e deve deslocar-se, de forma tranquila e já agendada”, começou por explicar Fernando Araújo.

O responsável assumiu que o objetivo principal é “retirar dos serviços de urgências pessoas que não precisam de lá estar”, mas também “qualificar uma resposta mais eficaz, num espaço adequado, ao doente agudo”.

“As pessoas podem ficar descansadas, porque sabem que vão ter uma consulta com o seu médico família, hoje ou amanhã e com hora marcada. Escusam de ir para uma sala de espera [nas urgências] e aguardar longas horas por uma resposta ao seu problema”, completou.

No caso de os utentes não acionarem esse protocolo de ligar, previamente, para a linha SNS 24, antes de se dirigirem aos serviços de urgência, em situações não emergentes, Fernando Araújo garantiu que “não serão recusados [nos hospitais], mas sim orientados para o local certo com uma data e hora marcada”.

“Nenhuma pessoa irá embora sem uma solução clinicamente adequada ao seu problema de saúde. Será feita uma orientação para o seu médico de família, com o próprio hospital a agendar essa consulta e transmitir a informação à pessoa”, explicou o diretor executivo do SNS.

O responsável vincou, ainda assim, que para situações realmente urgentes o contacto a estabelecer mantém-se através da linha 112, onde o INEM dará a devida resposta.

Sobre o facto de este projeto piloto ser implementado nos concelhos da Póvoa de Varzim e Vila do Conde, Fernando Araújo explicou que são localidades “com um conjunto de parceiros únicos, desde as autarquias, às farmácias, hospitais e Unidades de Saúde Familiar (USF)”

“Nestas duas localidades temos 50% de doentes triados [no serviço de urgência] com cor azul, verde e branca, de doentes, menos urgentes. Mas também há um contexto diferente de outros locais, com médicos de família para todos os utentes e unidades de saúde familiares, quase todas, de modelo B”, detalhou.

O responsável do SNS apontou “um conjunto de circunstâncias interessantes para testar o modelo” nestes dois municípios nortenhos, mas vincou que o objetivo “é alargar progressivamente o projeto a todo o país”.

“Vamos agora avaliar durante as próximas quatro semanas, e a partir daí tomaremos decisões. Queremos muito, ainda em junho, alargar a outros ACES e hospitais do país, num esforço que é progressivo, mas que claramente vai dando confiança aos profissionais de saúde de que as mudanças estão a acontecer”, reforçou.

Nesta fase inicial, o projeto será apenas para utentes adultos, por uma questão de “segurança e cuidado”, mas Fernando Araújo garantiu que “se irá rapidamente alargar” para a área pediátrica, uma vertente “muito relevante neste projeto”.

Para as populações mais envelhecidas, Fernando Araújo considera “que não será problema” a implementação da iniciativa, garantindo que haverá respostas “para os doentes crónicos com agudizações”.

“O hospital terá um papel muito importante, abrindo consultas de especialidade, em modo aberto, para receber doentes que os médicos de família pensem que têm de ser avaliados por um especialista. Queremos proporcionar um leque de alternativas e opções, para que o doente vá ao local certo na hora certa para o seu problema de saúde” completou.

O diretor do SNS lembrou, ainda assim, que através de verbas do PRR serão reforçados os meios complementares de diagnóstico nos Centros de Saúde.