Trabalhadores do grupo EDP protestam em Lisboa por aumento de salários

Trabalhadores do grupo EDP protestam em Lisboa por aumento de salários
LUSA

Uma centena de trabalhadores do grupo EDP, hoje concentrados junto à sede da empresa, em Lisboa, no dia da assembleia-geral de acionistas, manifestaram-se contra a distribuição de “mais de 800 milhões de euros” de dividendos, reivindicando aumentos salariais.

Presente no protesto, o coordenador da Fiequemetal, Rogério Silva, afirmou que esta “é mais uma greve”, advertindo que na assembleia-geral da EDP vão ser “servidos de bandeja” aos acionistas mais de “800 milhões de euros em dividendos”.

Trata-se de uma empresa que no ano passado “teve 1.170 milhões de euros de resultados líquidos” e tem ao seu serviço, para além dos trabalhadores da EDP, mais de 3.000 outros trabalhadores com vínculo precário, alguns deles há mais de 20 anos que são a “voz e a cara” EDP, defendeu.

Os trabalhadores concentrados junto da sede da EDP, na Avenida 24 de Julho, em Lisboa, exigem aumentos salariais de 150 euros, para “fazer frente à brutal subida do custo de vida” e a valorização das profissões e melhoria da progressão na carreira.

Além disso, reivindicam o direito à pré-reforma e “a uma reforma digna”, bem como à melhoria dos sistemas de saúde.

Para a Fiequemetal, o “teto de 5,1%” serve “para a empresa ganhar mais uns milhões, com a redução do IRC”.

A federação sindical afirmou à Lusa que a adesão à greve de hoje tem sido “elevadíssima” nos centros de contacto e nas lojas.

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, presente na concentração, afirmou que os trabalhadores “estão a exigir o que é óbvio. Estão a exigir um salário digno”, lembrando que a EDP o que faz é “colocar os trabalhadores em ‘outsourcing’”.

E prosseguiu: “Os ‘call centers’ foram tradicionalmente sempre em ‘outsourcing’ (contratação externa de serviços) e agora as lojas também estão em ‘outourcing’ e são milhares e milhares de trabalhadores que fazem os lucros da EDP, literalmente, mas que não trabalham diretamente para a EDP e que trabalham a salário mínimo, sem nenhuma progressão na carreira, sem nenhum horizonte para a sua vida”, sendo que a empresa “tem milhões de lucro”.

De acordo ainda com a coordenadora do Bloco de Esquerda, “a lei mudou, o Bloco lutou muito por ela, houve alguma mudança, mas ainda está muito aquém do necessário”, sendo que os trabalhadores em ‘outsoucing’ “hão-de ter os mesmos direitos, o mesmo acordo coletivo, que têm os trabalhadores da empresa”, pois a ideia é que “não seja permitido dar a trabalhadores da mesma empresas condições diferentes”, mas a EDP “parece não querer reconhecer o óbvio”.

Para o Bloco de Esquerda e, segundo Catarina Martins, este protesto “é fundamental porque é insuportável uma economia com empresas que decidem milhões de lucros, enquanto os trabalhadores trabalham a salário mínimo nacional sem sequer terem direito a um contrato com a empresa para a qual trabalham”.

“É a economia da miséria”, advertiu a dirigente do Bloco de Esquerda.

O deputado do PCP, Duarte Alves, também presente na concentração, disse aos jornalistas que perante o facto de a EDP apresentar mais de 1.100 milhões de lucro, a “luta destes trabalhadores é perfeitamente justa”, pois entende que aquilo que estão a exigir, “o aumento dos seus saláros, um aumento que corresponda ao aumento da inflação”, é justo.