Autoridades de saúde apelam que se recorra às urgências hospitalares apenas em caso de doença grave.
As urgências dos hospitais continuam sobrelotadas em todo o país. O Santa Maria, em Lisboa, tem recebido quase 700 doentes por dia. Esta situação fez disparar o tempo de espera e houve quem tenha estado nas filas mais de um dia para ser visto por um médico.
Mais a Norte, a situação é semelhante, no início desta semana, o São João, no Porto, atendeu mais de mil doentes o segundo número mais alto do ano. A maioria dos casos apresentava um quadro clínico de vírus respiratório, metade era não urgente.
As autoridades de saúde recomendam à população que, em caso de doença súbita, contacte primeiro, a linha SNS 24 (808 24 24 24), reservando as situações agudas, graves, urgentes e emergentes para atendimento no hospital.
Num balanço da afluência às urgências do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (CHULC), verifica-se que tem estado a aumentar progressivamente, “com picos ocasionais à segunda-feira”, aproximando-se do que era a afluência às urgências no período antes da pandemia.
O número mais elevado foi registado na última segunda-feira, com 901 casos, e no dia 31 de outubro (também segunda-feira), com 805, segundo dados divulgados à Lusa pelo CHULC, que engloba os hospitais São José, D. Estefânia, Capuchos, Curry Cabral, Santa Marta e Maternidade Alfredo da Costa.
“Os doentes não urgentes representam, atualmente, 30 a 40% do total de admissões na urgência”, refere, adiantando que as principais causas da procura continuam a estar relacionadas com doentes idosos, com múltiplas comorbilidades e descompensação de doenças crónicas.
O centro hospitalar diz que, até ao momento, não houve necessidade de ativar o plano de contingência, mas, “pontualmente, tem sido necessário fazer reforços em algumas equipas, com o recurso a horas extraordinárias”.
O Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) ultrapassou na última semana o valor observado no período homólogo antes da pandemia de covid-19.
Entre 31 de outubro e 06 de novembro, o hospital registou 5.601 episódios de urgência, correspondendo a uma média de 800 casos diários, um número médio de episódios superior ao registado no ano de 2019, no mesmo período (740).
De acordo com a Triagem de Manchester, cerca de 60% dos doentes admitidos nos serviços de urgência do Hospital Fernando Fonseca são casos pouco urgentes e não urgentes.
“Neste período, como habitual nesta fase do ano, o principal motivo de admissão nas Urgências no Hospital Fernando-Fonseca são as patologias infecciosas”, adianta.
O Centro Hospitalar Lisboa Ocidental (CHLO), que integra os hospitais São Francisco Xavier, Egas Moniz e Santa Cruz, registou, entre 01 e 08 de novembro, 2.231 casos na urgência geral, 1.195 na urgência pediátrica e 319 na urgência obstétrica.
O maior número de episódios registado nas três urgências foi na segunda-feira, com um total de 594 casos.