ARS de Lisboa e Vale do Tejo convocou reunião com caráter de urgência. Ministra da Saúde será ouvida no Parlamento ainda esta semana.
Foi um fim de semana de caos completo nas urgências de obstetrícia um pouco por todo o país, mas principalmente na região de Lisboa.
A falta de médicos nos hospitais combinada com o fim de semana prolongado foi a receita para o desastre nas maternidades, com várias a encerrarem e outras a verificarem vários constrangimentos, que obrigaram ao reencaminhamento de grávidas para outros hospitais, sobrecarregando dessa forma esses serviços.
Os hospitais do Barreiro-Montijo e Garcia de Orta, em Almada, por exemplo, tiveram as urgências de obstetrícia encerradas até às 8h00 de domingo.
Um problema que não é novo mas voltou a fazer soar os alarmes. A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo convocou para esta segunda-feira uma reunião com caráter de urgência.
O Ministério da Saúde recebeu esta manhã a Ordem dos Médicos, administradores hospitalares e outros clínicos para discutir a escassez de profissionais para completar as escalas nos serviços que levaram ao encerramento das urgências e aos constrangimentos no atendimento.
Depois de vários partidos políticos mostrarem descontentamento e exigirem ouvir a ministra da Saúde, Marta Temido deverá falar do caso no Parlamento. A governante é esperada esta sexta-feira na Comissão Parlamentar de Saúde, sobre o relatório do Tribunal de Contas e as suas conclusões sobre o Serviço Nacional de Saúde. O momento deverá ser aproveitado pelos deputados para questionarem a ministra sobre a falta clínicos e a atual situação nos hospitais.
Loures voltou a reabrir no domingo à noite
O Hospital Beatriz Ângelo foi um dos hospitais mais afetados. A unidade hospitalar de Loures foi das últimas a reabrir as urgências de obstetrícia.
O hospital abriu as urgências às 20h00 de domingo depois de três dias a encaminhar grávidas para outros hospitais da área da Grande Lisboa.
No domingo de manhã, a ARS de Lisboa e Vale do Tejo informou que todas as maternidades da região de Lisboa estavam a funcionar, depois do encerramento ou constrangimento nos serviços de urgências de vários hospitais, tanto da região da Grande Lisboa como em todo o país.
Marcelo espera que fecho de urgências não se prolongue
O Presidente da República acredita que a situação vivida durante o fim-de-semana seja pontual, esperando que estes encerramentos não se verifiquem durante o verão.
“Espero que não porque aí haverá certamente uma possibilidade de programação e de preparação. Digamos que o que há é situações de acumulação de sacrifício do trabalho”, afirmou.
Marcelo Rebelo de Sousa acredita também que não se trata de um problema à escala nacional e que estas situações ocorreram “em pontos onde a substituição [de profissionais de saúde] é mais complicada”.
O presidente da República ressalvou no entanto que “as mini-ruturas” terão solução rápida mas é necessário investimento no Serviço Nacional de Saúde.
Morte de bebé no hospital de Caldas da Rainha
Na quarta-feira, uma grávida perdeu o bebé, numa altura em que alegadamente existiam constrangimentos no serviço de obstetrícia.
O Centro Hospitalar do Oeste já abriu um inquérito sobre a situação tendo participado o caso à Inspeção-geral das Atividades em Saúde.
Em comunicado, o centro hospitalar “confirma ainda que se verificou uma ocorrência grave com uma grávida, tendo sido determinada a abertura de um processo de inquérito à Inspeção-Geral de Atividades em Saúde, no sentido de apurar o sucedido e eventuais responsabilidades”
O centro hospitalar já fez entretanto uma nota a afirmar que “não há nenhum nexo de causalidade estabelecido entre a morte do bebé e as limitações no preenchimento das escalas”.