Só em 2021, a APAV registou 394 denúncias por discriminação e incitamento ao ódio e à violência.
Continuam a aumentar os casos de violência por ódio racial em Portugal. Só em 2021, a APAV registou 394 denúncias por discriminação e incitamento ao ódio e à violência. As vítimas queixam-se da falta de ação pelas entidades competentes.
“Eu senti perigo de vida e, depois de ameaçarem que me queriam bater, eu comecei a ter medo. Tive um mês sem sair de casa, fiquei com uma depressão. Aqueles comentários manifestavam raiva”.
O relato de uma bailarina brasileira que está há mais de 20 anos em Portugal. Um vídeo das redes sociais que se tornou viral onde contava a forma como foi emigrante ilegal em Portugal e que foi largamente difundido em vários meios num ato de violência racial que ainda hoje deixa marcas.
Francielle Rodrigues admite que pensou em pôr termo à vida pelo medo que sentiu. Denunciou o caso a várias entidades mas volvidos quase dois anos não há qualquer resposta.
No último relatório anual, a Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial, divulgou que em 2021 recebeu 408 participações, queixas e denúncias, das quais 96 se referiam a situações que aconteceram na internet, o que representa por isso um quarto das situações reportadas.
Também a Linha Internet Segura, um serviço de apoio à vítima coordenado pela APAV, referiu à agência Lusa que os últimos dados divulgados, referentes a 2021, registam um aumento do número de cibercriminalidade ‘online’, num total de 1.626 processos e, segundo o relatório anual da APAV, em 2021 foram assinaladas 394 denúncias por discriminação e incitamento ao ódio e à violência.
As vítimas deste discurso de ódio sentem-se ainda mais assustadas pelo crescimento da extrema-direita em Portugal e lamentam não conhecer quaisquer consequências para os autores dos atos em resultado das queixas que fazem.