30 anos de Mulheres na Marinha – As Primeiras

30 anos de Mulheres na Marinha - As Primeiras

Na reportagem especial desta semana, duas gerações de mulheres contam-nos as diferenças entre a realidade de hoje e a de há 30 anos.

Corria o ano de 1992 quando as primeiras mulheres puderam concorrer à Marinha. 

Patrícia Fernandes, de 49 anos, apesar de estar em Lisboa há 30 ainda denuncia o sotaque algarvio. Em Lagos estudou desporto e quando quis concorrer à escola Naval foi barrada… por ser mulher.
 
“Fiquei triste porque como era da área de desporto, gostava dessas coisas. E não tinha dinheiro para ir para a universidade… se calhar até era melhor do que o meu colega que entrou para a escola naval e não entrei só por ser mulher.”

Quando abriu o primeiro concurso para a Marinha não hesitou e veio experienciar tudo o que havia de novo para oferecer às mulheres.

“Não havia sapatos de tamanhos pequenos, só havia a partir do 37. Houve colegas minhas que tiveram de marchar de ténis porque não havia botas do tamanho delas. Tínhamos tudo novo, cacifos novos…às vezes até se calavam quando a gente entrava com medo de dizerem algum asneira. O problema é que acho que eles nem sabiam como lidar connosco.”

Sandra também foi uma das primeiras. Estudava à noite e trabalhava quando decidiu tentar a sorte entre as oitocentas candidatas. “Ninguém sabia muito o que nos fazer. Não havia botas para os nossos pés, não havia panamás por causa dos cabelos. Foi uma aprendizagem interessante. Não tínhamos nada e ao mesmo tempo tínhamos tudo.”

Por ter concorrido fora do prazo, considera que foi uma sorte ter sido admitida e desses tempos diz só guardar boas memórias. “Nós éramos 8 mulheres numa companhia de 80… então éramos muito protegidas por eles.”

 Sandra e Patrícia, juntamente com outras 78 mulheres, foram as primeiras a abrir caminho num mundo de homens.

Veja a reportagem na íntegra.