Os serviços de inteligência têm sido ao longo dos tempos ferramentas importantes para governos, que se apoiam nas informações obtidas para tomarem decisões sensíveis, relativas a segurança interna e internacional.
A personagem de ficção James Bond – o famoso 007 – é o agente secreto mais famoso de todos os tempos. Da ficção à realidade, estes operacionais terão uma vida com menos glamour do que aquela retratada no grande ecrã, na saga do agente secreto ao serviço de Sua Majestade, mas a sua ação ‘invisível’ é igualmente influente.
Embora a generalidade das pessoas desconheça, várias das notícias que acabamos por ver plasmadas nos média – principalmente quando a temática está relacionada com dossiês ‘classificados’ – têm na sua fonte a ‘mão’ dos serviços de segurança, posteriormente filtrada pelo poder político.
Saiba mais sobre as ‘secretas’ de alguns países, recursos usados por praticamente todos os governos, dos mais democráticos aos regimes totalitários, cuja missão é obter informações sobre matérias sensíveis relativas a ‘assuntos de Estado’.

Lista de alguns dos serviços secretos
1SIS – Portugal
O Serviço de Informações de Segurança foi criado em 1985. Recolhe dados e informações que contribuem para a manutenção da segurança portuguesa. O SIS atua em território nacional, enquanto a ação do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) não tem uma limitação geográfica. Está atento à ameaça terrorista, criminalidade organizada, espionagem e cibercrime.
Nos dias que correm, este serviço de segurança voltou a estar em foco devido a um computador, com informações classificadas, que um ex-adjunto do ministério das Infraestruturas, tutelado por João Galamba, entregou a um agente do SIS, num caso popularizado como ‘Galambagate’. O mesmo envolve a TAP e encontra-se sob escrutínio de uma Comissão Parlamentar de Inquérito.
2CIA – EUA
A Central Intelligence Agency é responsável por fornecer informações ao poder político americano relacionadas com a segurança dos EUA. Criada em 1947, dedica-se à recolha de dados sobre ameaças externas. A prevenção e combate ao terrorismo, narcotráfico e crime organizado são algumas das suas prioridades. Durante a Guerra Fria, foi utilizada no combate à expansão mundial do Comunismo.
3SBU – Ucrânia
O Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) foi criado após a independência do país, no processo que ditou o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), em 1991. O serviço foi fundado com forte influência dos métodos utilizados pelo KGB, sendo que a Federação da Rússia passou a ser uma das grandes preocupações do trabalho do SBU, sobretudo devido a questões de segurança interna e fronteiriças – como foram os casos da invasão da Crimeia e a instabilidade vivida na república separatista do Donbas. Durante a guerra russo-ucraniana o SBU tem sido fundamental para o sucesso da reação ucraniana à invasão russa.
4KGB (atual FSB) – Rússia
Embora tenha raízes mais antigas, o Comité de Segurança do Estado foi oficializado em 1954. Foi polícia política e secreta (tinha funções de inteligência, contraespionagem, segurança interna e perseguição política). Assumiu-se como um dos principais braços de sustentação do regime soviético e, além-fronteiras, foi decisivo para a expansão do Comunismo. Com o fim da URSS, em 1991, o KGB deu origem a vários serviços. O mais influente é o FSB, Serviço de Segurança Federal, criado em 1995.
5ABIN – Brasil
Herdeira do Serviço Nacional de Informações (SNI) da ditadura militar que governou o país até 1985, a Agência Brasileira de Inteligência não tem as incumbências de uma polícia política. Criado em 1999, é um órgão permanente do Estado que tem a missão de recolher e produzir informação sobre ameaças, internas e externas, fazendo-a chegar ao Presidente da República.
6M16 – Reino Unido
“Trabalhamos além-fronteiras para ajudar a tornar o Reino Unido num lugar mais próspero e seguro.” É assim que este serviço de informações secreto – criado em 1909, mas apenas reconhecido oficialmente em 1994 – se apresenta online. Foi decisivo para a derrota da Alemanha nazi e no pós-II Guerra a sua atividade contribuiu para conter o crescimento da influência soviética no mundo. Vocacionado para ameaças externas, o MI6 convive com o MI5, que zela pela segurança interna do país.
7Guoanbu – China
Comparado com o KGB, a nível de funcionamento e estrutura, o ministério de Segurança do Estado da China exerce uma influência transversal a toda a sociedade e é responsável por missões de vigilância no estrangeiro. Criado em 1983, a sua ação é legitimada pelo Partido Comunista chinês. Instalado no segundo país mais populoso do mundo, terá milhares de colaboradores e operacionais.
8BND – Alemanha
O Serviço de Inteligência Federal recebeu forte influência da Gestapo (polícia secreta de Hitler), SS (força paramilitar nazi) e Stasi (polícia secreta da República Federal Alemã). Se no início este serviço secreto tinha como principal objetivo a recolha de informação sobre a estratégia militar de potências estrangeiras, hoje está mais atento ao terrorismo, imigração ilegal, tráfico de armas e crime organizado.
9Mossad – Israel
Fundado oficialmente em 1949, o Instituto de Inteligência e Operações Especiais tem a fama de ser um dos serviços secretos mais eficazes do mundo. A Mossad recolhe dados sobre qualquer ameaça a Israel e a sua ação visa, sobretudo, combater e neutralizar atos terroristas. Servida por operacionais bem treinados, os seus métodos refletem uma preparação militar apurada, suportada por soluções tecnológicas inovadoras.
O trabalho dos espiões
Espionagem – Atividade em que informações consideradas secretas ou confidenciais sobre um Estado, um país ou uma organização são obtidas por alguém sem autorização.
Contraespionaem – Quando os serviços de informação tentam evitar ou confundir a ação de agências de inteligência estrangeiras no seu território.
Ficção inspira realidade
Envolto em mistério, o mundo da espionagem sempre exerceu enorme fascínio sobre o cidadão comum e inúmeros autores, baseados na realidade e/ou na imaginação, criaram personagens e enredos apaixonantes e memoráveis.
Operacionais no terreno
Devido à natureza das suas atividades e modus operandi, os agentes secretos podem ser englobados em várias tipologias.
Agente secreto – Operacional que investiga e executa ordens de um serviço de inteligência. A sua missão é obter informação, por via não oficial, considerada fundamental para o conhecimento mais aprofundado de determinada temática sensível. O mandante pode ser um Estado ou uma organização e os dados apurados são considerados valiosos e classificados.
Duplo – Atua, em simultâneo, para dois serviços, realidade que não é do conhecimento de ambas as partes. O acesso às informações apuradas é filtrado pelo próprio agente, segundo os interesses do mandante que efetivamente representa ou de acordo com a sua conveniência. Por envolver vários ‘lados’, é comum enfrentar missões ultraperigosas.
Infiltrado – Trabalha sob anonimato junto do alvo da investigação. Para que tenha acesso às informações pretendidas, tem de criar uma ‘vida fictícia’, o que faz com que recorra a disfarces e identidades falsas, que não levantem suspeitas e permitam uma aproximação aos detentores dos dados pretendidos.