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Rishi Sunak: O fã de Star Wars que chega ao poder no Reino Unido

O novo líder do Partido Conservador chega a Downing Street numa conjuntura complicada. É jovem, milionário e o primeiro homem de origem asiática no cargo. Fã de Star Wars, terá ele a 'força' para reerguer a economia britânica?

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© Reuters

Aos 42 anos Rishi Sunak alcançou o topo da hierarquia do poder britânico, tornando-se primeiro-ministro do Reino Unido. É o homem mais novo no cargo, quebrando o recorde de David Cameron, que tinha 43 anos quando liderou o governo.

Além da idade, a chegada de Sunak ao número 10 de Downing Street representa também a primeira vez em que um homem não branco alcança o cargo máximo da política britânica.

Rishi Sunak é neto de indianos do Punjab que migraram para a África Oriental antes de se fixarem em Inglaterra. Filho do médico Yashvir e da farmacêutica Usha, cresceu numa família de classe média britânica. Estudou nas melhores escolas e iniciou o seu percurso profissional como analista financeiro antes de enveredar pela política.

Rishi Sunak é fã da saga Guerra das Estrelas e precisará de toda a ‘força’ para levantar a economia britânica | © D.R.

Uma subida meteórica

Em 2015, Rishi Sunak tornava-se deputado do Partido Conservador por Richmond, em North Yorkshire. Em 2019 entrava pela primeira vez na máquina governativa britânica como secretário de estado do Tesouro, trabalhando lado a lado com o ministro das Finanças da altura, Sajid Javid superando-o meses mais tarde, assumindo ele próprio a pasta das Finanças.

Daí não sairia mais a não ser pelo próprio pé e decisão, já este ano, iniciando a onda de demissões no governo de Boris Johnson, que levou à inevitável queda do Executivo e demissão do primeiro-ministro.

As Finanças são o seu forte não fosse ele analista financeiro, tendo passado por instituições de ensino da elite britânica como Oxford e Stanford. Trabalhou na Goldman Sachs como analista e depois como gestor de fundos.

Um primeiro-ministro mais rico do que o rei

Sunak conhece os números como ninguém ou não fosse ele um dos homens mais ricos do Reino Unido, depois de se ter casado com Akshata Murty, filha de um dos maiores magnatas indianos. Estima-se que o património da família seja de 730 milhões de libras (perto de 850 milhões de euros), números que fazem do casal, com duas filhas, uma das 250 famílias mais ricas da Grã-Bretanha.

Valores que, se confirmados, equivalem a mais do dobro do que se estima ser o património do rei Carlos III que rondará 350 milhões de libras (aproximadamente 405 milhões de euros). Desta forma parece acertado dizer que o primeiro-ministro do Reino Unido é mais rico do que o próprio Rei.

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O rei Carlos III e Rishi Sunak, no palácio de Buckingham | © Reuters

O ‘histórico endinheirado’ do agora primeiro-ministro poderá valer-lhe alguma desconfiança por parte dos britânicos, que poderão ter dificuldades em reconhecer-lhe legitimidade e ética para lidar com as contas públicas e os problemas das famílias britânicas. Porém, o mesmo não se verificará no que diz respeito à credibilidade e conhecimento técnico, tendo em conta o seu passado académico e profissional.

A dança das cadeiras britânica

Rishi Sunak é o terceiro Primeiro-ministro britânico em menos de dois meses e o quinto em apenas seis anos. Uma rotatividade de líderes a ocuparem o número 10 de Downing Street que não era vista em quase cem anos.

Desde 2007 chegaram ao cargo Gordon Brown, David Cameron, Theresa May, Boris Johnson, Liz Truss e, agora, Sunak. Por outro lado, nos 28 anos que antecederam esta dança de cadeiras frenética, apenas três primeiros-ministros foram empossados pela rainha Isabel II, sendo eles Margaret Thatcher, John Major e Tony Blair.

Se a rotatividade vai terminar aqui, ninguém sabe. Rishi Sunak chega ao governo pedindo união ao partido, sendo que o receio de uma desintegração dos conservadores e a perda do poder no Parlamento pode levar a que muitos se acalmem na contestação interna e abracem o projeto de Sunak.

Mas ao novo primeiro-ministro falta-lhe a legitimação do povo: Sunak não foi um nome saído de uma eleição geral no país – apesar dos apelos de toda a oposição, que pediram a realização de eleições gerais antecipadas. Apelos fervorosos vindos principalmente do Partido Trabalhista, que aparece agora destacado nas sondagens, reunindo, por enquanto, as preferências dos britânicos, ao contrário dos Conservadores, em queda abrupta nas sondagens.

Os desafios de Sunak

Rishi Sunak chega ao poder num momento particularmente delicado. Uma profunda crise económica, iniciada pela pandemia e adensada pelo conflito na Ucrânia, com uma inflação a atingir valores históricos e os mercados ainda a recuperarem do susto provocado pelas medidas de alívio fiscal anunciadas por Truss, pautam o cenário económico que abraça, por esta altura, o país.

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O governo de Rishi Sunak terá pela frente complexos desafios internos e externos, como as repercussões económicas do ‘Brexit’ e da invasão russa da Ucrânia | © Reuters

Sunak disse no seu primeiro discurso que a estabilidade económica do Reino Unido seria a sua prioridade, anunciando que seriam necessárias difíceis para fazer a longa travessia que o país terá de percorrer. Os mercados financeiros estão estáveis e, para já, confiam em Sunak e no seu ministro das Finanças, Jeremy Hunt.

Rishi Sunak chega otimista, mas no meio de uma conjetura difícil

Além da economia, o novo primeiro-ministro tem outras áreas sensíveis que necessitam de intervenção. Internamente, Sunak terá de lidar com o financiamento do sistema nacional de saúde britânico e as greves constantes de trabalhadores, com os sindicatos a exigirem melhores condições de trabalho. Não podemos esquecer também a pretensão independentista da Escócia, com a primeira-ministra escocesa a querer avançar com um novo referendo sobre a questão.

A nível de política externa existe a questão do apoio à Ucrânia e ao aumento do orçamento para a Defesa britânica sem esquecer, claro, o ‘Brexit’ e os desafios por ele deixado, nomeadamente o Protocolo da Irlanda do Norte, que já tinha gerado problemas entre Boris Johnson e a Comissão Europeia.

Fã assumido de Star Wars, com uma coleção considerável de sabres de luz e outros objetos ligados à saga de ficção científica, resta saber se Rishi Sunak será suficientemente hábil para que a ‘força’ leve o Reino Unido novamente para o ‘lado da luz’, e longe do ‘lado negro’, tal e qual, um verdadeiro Jedi.

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