Embora muitas vezes ignorado ou diminuído, o papel de Portugal na História universal já foi de protagonista. A conquista de Ceuta, em 1415, ditou o início de uma triunfante aventura que acabaria por levar os portugueses à descoberta de novas gentes e lugares, mostrando que havia mais mundo para além da Europa. Hoje celebra-se o 10 de junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

Motivados por uma ambição inabalável e sustentados por um imenso talento para a navegação, nas décadas seguintes os portugueses seriam, por diversas vezes, pioneiros. A dobragem dos cabos Bojador (1434) e da Boa Esperança (1488), a descoberta do caminho marítimo para a Índia (1498) e do Brasil (1500) exemplificam a coragem lusa de lançar-se ao desconhecido e superar obstáculos, até então, considerados intransponíveis.

Em busca de riqueza

Se no começo questões militares e religiosas foram decisivas, mais tarde a vertente comercial acabou por ser determinante para a evolução da expansão portuguesa.

Com uma rara capacidade de adaptação a novas realidades, muitas vezes inesperadas e adversas, os portugueses conseguiram, entre muitos outros feitos, manter uma posição de domínio em vários pontos do Oriente, durante décadas, com um efetivo militar desproporcionalmente inferior em relação aos inimigos.

Património lusófono

Porém, o declínio da presença portuguesa no Oriente, devido à existência e à índole expansionista de outras potências europeias mais poderosas na região, fez com que a coroa direcionasse a sua atenção para o Brasil.

Sem as especiarias, metais preciosos, sedas e outros produtos provenientes dos territórios banhados pelo Oceano Índico, o império luso concentrou-se no açúcar, ouro, diamantes, tabaco e cacau brasileiros. Porém, a independência do Brasil (1822) obrigaria, uma vez mais, Portugal a procurar novos territórios para financiar o império.

Voltou-se para o continente africano e, até ao período pós-revolução de 25 de abril de 1974, altura em que viram a sua independência reconhecida, Angola, Moçambique, Guiné (atual Guiné-Bissau), Cabo Verde e São Tomé e Príncipe integraram os domínios ultramarinos portugueses. Timor-Leste seguiu o mesmo caminho, mas seria anexado pela Indonésia (1975) – de quem só se tornaria independente em 2002. Em 1999, Macau, o último território ultramarino de Portugal, foi transferido para a China, com o estatuto de região administrativa especial daquela potência asiática.

Somos poucos, mas já fomos grandes!
Império Ultramarino Português – © Record TV Europa

Ao longo de 584 anos, de Tânger a Macau, Portugal formou um império global, com avanços e recuos, composto por vários territórios, distribuídos ao longo de três continentes: Ásia, América e África.

Dessa presença, a Lusofonia constitui o maior património deixado pelos portugueses. Mas não é o único. Vários historiadores atribuem também a Portugal uma grande responsabilidade na influência que o Ocidente tem no mundo, feito notável para um país com pouco mais de 90 mil quilómetros quadrados.