Localização em segundo plano
“Tivemos de ir pelos preços das casas e optámos mais pelos preços e não tanto pelas zonas que nós queríamos” – Joana Boieiro
“Tenho procurado essencialmente no concelho de Sintra, Cacém, Oeiras, na zona da marginal – mas aí é mesmo impossível… Uma pessoa abre os sites das agências, mete os filtros e não aparece nada nos critérios que colocamos. Tive de ir para as periferias”, queixa-se João Moutinho.
“Começámos a ver ali mais na Calçada de Carriche, ou seja, ainda é Lumiar, mas é um bocadinho mais para baixo, quase ali no Sr. Roubado. Começámos a ver também em Marvila, ali mais em Chelas, porque também havia bons apartamentos. Acho que acabámos por procurar em todo o lado, só não queríamos muito nem para o lado da Amadora nem para o lado de Odivelas, porque achávamos que era um bocado descentralizado para nós. Por causa do nosso trabalho, íamos perder imenso tempo em transportes. Tivemos de ir mais pelos preços das casas e optámos mais pelos preços e não tanto pelas zonas que nós queríamos”, conta Joana Boieiro.
“Atualmente, estarão à procura mais de casas nos arredores de Lisboa, numa zona mais periférica, estamos a falar por exemplo de Oeiras, Amadora ou Loures. Mesmo em Odivelas ou até Margem Sul… São pessoas que se calhar já não procuram tanto estar no centro da cidade, mas procuram casas numa zona onde terão mais quartos, melhores áreas, onde o valor por metro quadrado seja um bocadinho mais baixo”, explica Carlos Rodrigues.
Requisitos de quem compra
Além da procura fazer-se agora mais nos arredores dos grandes centros urbanos, nos últimos anos, na hora de escolher onde viver, são mais os critérios que mudaram.
Eu procuro um T2 com varanda, elevador – porque acho que é uma mais-valia para a casa – e parqueamento – João Moutinho
“Se nós tivéssemos aqui a falar de uma pessoa até aos 30/35 anos, estamos a falar de alguém que procura áreas maiores de apartamentos, elevador e varanda. As pessoas já têm alguma preocupação com isso, que era uma coisa que não havia anteriormente. Acabou por ser uma característica que aumentou o nível de procura nos últimos anos. É ter uma zona exterior. É sempre sinónimo de qualidade de vida”, exemplifica Carlos Rodrigues.
“Eu procuro um T2 com varanda, elevador – porque acho que é uma mais-valia para a casa – e parqueamento. O parqueamento, dependendo da zona, pode não ser determinante, caso haja facilidade para parar o carro, mas elevador e varanda tem de ter”, afirma João Moutinho.
“Ter uma varanda para nós era imprescindível. Os prédios em Lisboa, pelo menos aqueles onde nós conseguiríamos comprar um apartamento, as construções não são assim maravilhosas. Em termos acústicos, não são nada de especial. São prédios muito antigos. Nós queríamos tentar um último andar para não termos vizinhos em cima”, justifica Joana Boieiro.
Acima do valor de venda
“Vi umas seis casas que eram realmente aquilo que eu procurava, mas na Internet vi muitas mais” – João Moutinho
“Não consegui comprar casa porque os preços estão completamente inflacionados e recentemente, há cerca de duas semanas, quase comprei uma casa. Tinha o crédito pré-aprovado, só que, entretanto, a casa foi vendida por um valor superior ao que estava à venda”, diz João Moutinho.
“Contactámos um angariador de casas de uma imobiliária conhecida porque era uma partilha do imóvel. Fomos ver, nesse mesmo dia fizemos uma proposta. Até posso falar em valores, a casa estava em 177 mil euros, fizemos uma primeira proposta de 170 mil e disseram-nos no dia a seguir que havia duas propostas com o mesmo valor, se nós podíamos cobrir. Nós cobrimos com menos 500 euros do valor que estava em venda e no dia a seguir informaram-nos que a casa tinha sido vendida por 185 mil euros, mais oito mil do que o que estava previsto. Nem sequer tivemos hipótese de propor porque quando nos contactaram a casa já tinha sido vendida, o contrato estava feito”, conta João Moutinho.
João já perdeu a conta ao número de casas que viu ao longo deste processo. Foram poucas as que realmente lhe interessaram. “Vi umas seis casas que eram realmente aquilo que eu procurava, mas na Internet vi muitas mais”, lamenta João Moutinho.
