Temperaturas de mais de 40 graus em vários locais no território português colocaram o país em alerta. Um calor que pode ser convidativo a dias de praia que podem revelar-se prejudiciais à saúde se não forem tomados os devidos cuidados.

O tempo quente convida a banhos, seja em praia, piscinas e praias fluviais. O sol é fator comum a todos eles e por isso há cuidados que não devemos dispensar, não apenas pelo que o calor pode trazer, mas sim pela radiação que o sol emite.

“O que acontece é que, quanto maior for a radiação de UVB’s, mais fácil será a queimadura que não está diretamente relacionada com o calor”, explica o dermatologista Luís Uva.

Mesmo que opte pelo chapéu de sol ou uma sombra, pode estar exposto aos raios UV. “É importante não esquecer que não é por estar à sombra que a pessoa está protegida, porque os raios são refletidos, nomeadamente na areia, na relva ou mesmo na água” explica o médico, reforçando a necessidade de proteção solar, que deve ser alta, com um fator 50, colocada 30 minutos antes de sair de casa e depois reposta de duas em duas horas.

Hidratação e proteção são palavras de ordem nesta altura, mas até é aqui é preciso estar informado. A proteção solar deve ser alta, mas convém ter atenção aos rótulos e perceber quão eficaz é o seu protetor solar.

“A proteção deve ser alta, de FPS 50 e deve ter atenção se protege contra os raios UVA. Sabemos que os raios UVB são os que fazem a queimadura, que dá aquela sensação de comichão e dor, mas os UVA penetram mais fundo na nossa pele e que causam mais cancros de pele, nomeadamente o Melanoma, que é o cancro mais grave de pele”, explica Luís Uva.

No que toca à exposição solar as crianças são especialmente vulneráveis, não só pelas características físicas da pele, mas também pelo sentimento de rebeldia e inconsequente. Devemos protegê-las hoje de forma a prevenir os problemas de amanhã.

“Devemos ter muita atenção às crianças, porque é nessas alturas quando a pessoa é mais jovem, é mais descuidada e acaba por sofrer as consequências mais tarde. Essa radiação (solar) pode alterar a genética da nossa pele – nós temos um número de horas que a nossa pele pode apanhar sol e passado esse número de horas nós vamos estar muito mais expostos e iremos ter problemas, nomeadamente ao nível da genética das nossas células, a nível cutâneo”, avisa o clínico.

Quando o “mal está feito” ainda é tempo de corrigi-lo. As queimaduras solares são comuns, mas apresentam níveis diferentes e, consequentemente, necessidades de tratamento também diferentes.

Quando se trata de queimaduras ligeiras com “eritema, dor, devem tratar-se com cremes emolientes”, explica o médico. “Pode também aliviar os sintomas com água fria e com compressas molhadas”.

Se forem queimaduras mais graves, de segundo ou terceiro grau, “será recomendável consultarem algum serviço de saúde, nomeadamente um médico dermatologista, em que terão de ser utilizados alguns cremes com corticoides, anti-histamínicos e anti-inflamatórios”.

Exposição e queimaduras solares: cuidados a ter
A proteção solar deve ser alta, mas convém ter atenção aos rótulos e perceber quão eficaz é o seu protetor solar. | FabrikaPhoto, Envato

Vitamina D

A necessidade de utilizar proteção solar é quase unânime, mas há quem fique preocupado com a possibilidade do protetor solar limitar a absorção de vítima D pelo nosso organismo. “Sabemos que apenas cerca de cinco ou 10 por cento da vitamina D necessária é captada através da luz solar”, explica o Luís Uva. “Se fosse por aí, nos países nórdicos iria haver um enorme défice desta vitamina”, esclareceu o clínico que quis desmistificar a questão.

“A maior parte (de absorção de vitamina D) é feita por ingestão. Independentemente de termos proteção solar, vamos captar essa vitamina D”, afirmou o clínico. “O importante é estarmos protegidos”, diz.

Cancro de pele

Entre os variados problemas que podemos arranjar com uma pele sensível, maltratada e demasiado exposta é o cancro. De acordo com números da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venerologia, surgem anualmente em Portugal cerca de 700 novos casos de melanoma maligno, o cancro de pele mais grave. Estima-se que em 2019, 260 pessoas tenham morrido devido à doença.

Mas este é um cancro que quando detetado cedo, tem grandes hipóteses de ser tratado. Apesar de o verão ser uma época de risco, devido ao aumento dos raios UV proporcional ao aumento do tempo de exposição solar da nossa pele, a estação também pode ser uma janela de oportunidade. “É uma altura do ano em que a pessoa tem a pele mais exposta” explica o dermatologista, o que fazer com que olhemos com outra atenção para os detalhes no nosso corpo, nomeadamente os sinais. “É importante que a pessoa olhe para si mesma e eventualmente mostre os sinais menos visíveis a alguém”, explica Luís Uva.

Não somos todos médicos, mas existem motivos de alerta aos quais devemos estar atentos. Para simplificar pode utilizar uma regra simples, a do ABCDE, que dá conta dos detalhes que devemos ter em atenção quando analisamos os nossos sinais.

A – Assimetria: se metade do sinal for diferente da outra metade;
B- Bordo: se contorno deste sinal tiver irregularidades;
C – Cor: se um sinal for muito escuro ou tiver várias cores;
D – Dimensão: Se tiver mais do que 0,5 centímetros;
E – Elevação e Evolução: Se tiver demasiado relevou ou tiver aumentado nos últimos tempos;

Se apresentar estes sinais deverá procurar um dermatologista de forma a fazer o despiste de forma correta e fundamentada.

FONTEnd3000, Envato