Costuma dizer que toda a informação necessária referente a uma decisão de negócios deve caber numa folha de papel. Nunca usou um computador, defende três dias semanais de trabalho, é fã de basebol e o seu grande ‘luxo’ é fumar charutos cubanos. Carlos Slim Helú é um magnata mexicano apaixonado por arte, que acredita que “a riqueza deve ser administrada com eficiência, probidade, eficácia e sobriedade”.
Todos os dias, bem cedo pela manhã, o multimilionário sai da casa onde mora há mais de 30 anos, em Lomas de Chapultepec, bairro da Cidade do México, e conduz para o escritório.
A sede do Grupo Financeiro Inbursa é um edifício de três andares, onde a simplicidade da decoração apenas é quebrada pelas inúmeras esculturas e pinturas que recheiam o interior.
Ninguém leva nada deste mundo quando morre. O importante não é a riqueza, mas o que se faz com ela
Carlos Slim é, ele próprio, um homem simples. Trabalha em mangas de camisa e transporta sempre a agenda debaixo do braço para todo o lado, recordando que é dono do próprio tempo, o bem mais precioso das pessoas.
O homem mais rico do México – já foi o mais abastado do Mundo, sendo que atualmente ocupa o décimo sexto lugar do ranking da revista ‘Forbes’ – gosta de receber informação diretamente da fonte, fala de igual para igual com todos os funcionários, não acredita em corporações, formalidades ou mordomias, mas sim em empresas flexíveis e com o mínimo de hierarquias.
Midas mexicano
Slim construiu a sua impressionante fortuna – estimada em perto de 69 mil milhões de euros – através de um vasto aglomerado de companhias. O magnata de 82 anos controla ou participa em mais de 200 empresas, de sectores tão distintos como telecomunicações, restauração, indústria, serviços financeiros, construção e seguros.
Os seus críticos dizem que ele detém monopólios, esmagando a competição e beneficiando de privatizações a baixo custo. Os admiradores descrevem-no como um homem de negócios ‘à moda antiga’, dotado de uma visão diligente, capaz de ‘farejar’ bons empreendimentos e transformar decadência em lucro.
Todos os tempos são bons para os que sabem trabalhar e têm como fazê-lo
Slim começou a trabalhar com apenas oito anos, a ajudar o pai, de quem retirou grandes ensinamentos para a vida. Aos doze fazia anotações nos seus cadernos de contabilidade, que guarda até hoje, e aos quinze já tinha várias ações no banco. Atualmente, domina o sector das telecomunicações na América Latina, através da Telmex e da América Móvil, duas empresas telefónicas.
‘Slimlândia’
Considerado, por diversas vezes, o homem mais rico do mundo, Slim desdenha esse tipo de classificações, garantindo que não se trata de uma competição e que o seu principal desafio é combater a pobreza e investir em saúde, educação e emprego: “Ninguém leva nada deste mundo quando morre. O importante não é a riqueza, mas o que se faz com ela. A riqueza deve ser administrada com eficiência, probidade, eficácia e sobriedade”.
No entanto, o seu domínio no país é de tal forma notório, que não será exagerado dizer que os mexicanos acordam em lençóis comprados numa loja de Slim, comem pão de uma padaria de Slim, conduzem um carro segurado por uma companhia de Slim, almoçam num restaurante de Slim e fazem chamadas de um telefone de Slim. Antes de ser detentor desta ‘Slimlândia’, este engenheiro civil teve de saber arriscar quando todos os outros se estavam a retrair.
O caminho da felicidade existe quando se têm claros os valores principais e se é coerente com eles
Em 1982, em plena crise da economia mexicana, enquanto os investidores tentavam desesperadamente desfazer-se dos seus ativos, Carlos Slim remou contra a maré, adquirindo empresas de diversos sectores, que vieram a formar o Grupo Carso, o maior aglomerado económico do país. “Todos os tempos são bons para os que sabem trabalhar e têm como fazê-lo”, é um das regras básicas da sua fórmula de sucesso.
Homem de família
Apaixonado pela arte, Slim é o maior colecionador privado das obras de Auguste Rodin. Defende que quando se possui uma coleção é preciso exibi-la e, para tal, construiu um espaço onde estão expostas centenas de pinturas e esculturas de diversos autores, o Museu Soumaya, em homenagem à falecida esposa. Pai de seis filhos, todas as semanas reúne a família em casa para jantar, onde nunca faltam chile rellenos ou quesadillas. E é, de resto, a família que mais contribui para a felicidade deste aficionado de basebol e dos Yankees: “Estar bem com aqueles por quem tenho apreço, é isso que me faz feliz. O caminho da felicidade existe quando se têm claros os valores principais e se é coerente com eles”.