Ele é um homem multifacetado. Humorista, argumentista, apresentador e agora escritor. Guilherme Fonseca já está ligado ao mundo da comédia há anos e, recentemente, dedicou-se à escrita – lançando o livro ‘Deve ser deve’. O humorista tem vários podcasts, escreve um programa semanal e em breve está de volta aos palcos.

Em que momento decidiste que ias fazer do humor a tua profissão?
Foi desde muito pequeno. Comecei a perceber que esta era a minha forma de lidar com os problemas. Quando havia alguma coisa que me chateava ou irritava eu escrevia sobre as coisas. Tendencionalmente começavam a sair-me piadas. Tropecei no humor e depois percebi que gostava.

Tens dois podcasts, fazes um programa que é um sucesso e ainda tens de cuidar de todos os teus gatos. Como é que consegues gerir o teu tempo?
É verdade! [risos] Às vezes há coisas que se misturam, ou seja, estou a gravar um podcast e a tratar dos meus gatos ao mesmo tempo. [risos]

Os meus horários de trabalho são os meus gatos que ditam, que mandam [risos]

Os gatos atrapalharam muito o processo de escrita do teu livro ‘Deve ser deve’?
Sim. O ‘Deve ser deve’ nasceu na pandemia. Começou a acontecer um fenómeno que não percebia. Eu olhava para as coisas que aconteciam na pandemia com um olhar completamente diferente do das outras pessoas. Comecei a escrever sobre ‘chalupices’, sobre a vacina e outros assuntos no geral – e, posteriormente, fui conhecer outros negacionismos. Havia negacionismos sobre a terra não ser redonda, sobre o homem nunca ter ido à lua, sobre Leiria não existir, etc. – havia pessoas que acreditavam nisto. [risos] Comecei a compilar e a escrever sobre isto, porque uma coisa é sabermos que existem negacionistas, outra coisa era saber o que eles defendem realmente. Esse tipo de coisas foi o que me divertiu mais na investigação que fiz para este livro e espero que as pessoas também se divirtam a lê-lo.

Acreditas que é cada vez mais difícil fazer humor devido à questão do ‘cancelamento’?
Não. Às vezes faço espetáculos para empresas e dizem-me assim: “Podes falar de todas as pessoas, menos do CEO. Tens de ter cuidado e não podes falar do carro dele ou de outras coisas sobre ele”. Óbvio que a partir desse momento é só disso que eu quero falar! [risos] A partir desse momento não quero saber dos outros, mas sim do CEO que me pediram para não falar.

Que Guilherme vai estar nos próximos espetáculos de stand-up comedy?
O de sempre. Foram dois anos muito difíceis, porque não se podia fazer nada ao vivo e já estou a começar a preparar texto para juntar e fazer um solo outra vez. É bom voltar a isso. Gosto muito de estar em palco quando faço datas do ‘Terapia de Casal’ ao vivo com a Rita [Nova], mas stand-up é stand-up, não encontro isso em lado nenhum.