Foi aos 12 anos que entrou pela primeira vez no mundo da música, mais especificamente no fado. Em 2008 lançou a sua música mais conhecida ‘Que mal te fiz eu (diz-me)’. Conta com 13 milhões de visualizações e é conhecida de norte a sul de Portugal. Leandro começou a pisar os palcos desde muito novo e ainda hoje é apaixonado pela música e pelo espetáculo.

Apaixonas quem te ouve e apaixonas-te por quem te faz feliz?
É verdade. Aliás, eu apaixono-me pela vida.

A vida tem-te dado coisas boas?
Boas e más. Vai fazendo de mim um homem. Sou apaixonado pela vida e pelos palcos, eles são a minha vida. Durante a pandemia tive muitas saudades de pisar um palco. Acho que foi um sentimento comum a todos os artistas, que ficaram com necessidade de voltar aos seus sonhos, porque viver daquilo que mais gostamos é efetivamente um sonho. Em 14 anos consegui sempre viver e cantar aquilo que eu sinto e isso é muito bom.

És considerado um dos cantores mais apreciados na música ligeira portuguesa. Sentes essa pressão e responsabilidade?Sinceramente, não quero pensar nisso. Quero continuar a trabalhar e fazer o que faço. Quero dar sempre mais e mais. Tenho uma frase que fui roubar ao Cristiano Ronaldo, que é: “Eu sou o melhor” – como ele costuma dizer. [risos] Levando esta frase à letra, acabamos por trabalhar com uma responsabilidade ainda maior. Música após música, temos de dar sempre o melhor. Este ano lancei o ‘Talvez’ e agora vou lançar outra canção que vai ter de superar a anterior. Quando conseguimos ver que as canções têm sido um sucesso nas vidas dos portugueses e de todo o mundo, é sempre agradável. 

Vamos conquistando e vamos perdendo, isso faz parte da vida

Entraste muito cedo no mundo da música. Foi porque querias e gostavas ou porque tiveste necessidade de ajudar a tua família?
Não, o sonho já nasce connosco. Todos nós nascemos com algo. Costumo dizer que a oportunidade passa à nossa frente, ou agarramos ou deixamos escapar. A minha oportunidade passou à minha frente, era isso que eu gostava de fazer. O facto de ter família ligada à música também ajudou. A minha avó era fadista, o meu pai guitarrista, o meu tio baterista e o meu avô apresentador.

Tens uma grande admiração pela tua avó. Que papel é que ela teve no teu percurso profissional?
A minha avó teve e tem um papel principal. Foi uma pessoa que me ajudou bastante. Foi através dela que eu comecei a conhecer aquilo que acabei por fazer futuramente. Ela deu-me a conhecer o meu destino e ensinou-me a cantar. Ainda hoje tento fugir um pouco à minha escola de canto, porque acho que iria perder aquele brilho que ela me deixou. Ela foi o papel principal da minha vida e da minha carreira.

És um romântico incurável?
Posso dizer que sim. Sou romântico, mas também tem dias… [risos] Tenho uma veia mais romântica nas canções. Fora isso, sou aquela pessoa que esconde mais os sentimentos.

Gostas que sejam românticos contigo?
Quando é demasiado romântico desconfio. [risos] Se há alguém que se aproxima de mim com romantismo, eu afasto-me. Sou eu que tenho de ir à procura.

“Sou apaixonado pela vida e pelos palcos”
© D.R.

Sentes que um artista, principalmente no início da carreira, tem de aprender a lidar com a rejeição?
Essa pergunta é forte. Acho que ao longo da vida vamos aprendendo a lidar com muitas coisas. Para a minha idade aprendi a lidar com demasiadas coisas. Temos de aprender a lidar principalmente com pessoas. Vamos conquistando e vamos perdendo, isso faz parte da vida.

O que é que as digressões trazem para um artista?
As digressões são fantásticas. Tu sais de casa com uma mala, com 32 pessoas no teu autocarro e a partir daí, só pensas ‘bora viver!’. Quero cantar com o público, quero fazer loucuras, quero conhecer cidades novas e, por isso, as digressões são únicas. Poder fazer disso a minha vida é muito bom. Em Portugal, nós somos ‘pequeninos’, de norte a sul do país já conheci quase tudo. Quando vou lá para fora ainda é mais divertido. Procuro levar a minha canção a outros produtores e colaborar com outros artistas. Neste momento tenho três canções prontas para sair, uma delas foi feita com um cantor colombiano, será um reggaeton. Isto acaba por levar às pessoas que gostam do artista a conhecerem o outro artista. É uma ligação musical maravilhosa.

Fizeste parte de um programa recentemente, onde se juntaram várias personalidades diferentes. Gostaste de participar?
Sim, foi uma experiência diferente. Quando recebi o convite disse que sim, porque sou uma pessoa que adora desafios. Quando cheguei lá, percebi que já lá estavam pessoas que eu conhecia. Conheci pessoas maravilhosas lá dentro. Aquilo é um jogo e nós temos que dar dinâmica à casa – discussão e discórdias. Se acham que conheceram o ‘Leandro’ dentro da casa, esqueçam, porque não o conheceram.

Para ti, quem tem mais sucesso: quem vence concursos de talentos ou quem vence na vida?
Essa pergunta é boa e intensa ao mesmo tempo. Muitas das vezes a vida não nos dá aquilo que nós queremos e, por isso, temos de ser espertos e dar a volta. Podemos ter a escolaridade toda que quisermos, mas se não tivermos vontade de sobreviver não vale de nada. Cada minuto que passa em que possamos olhar para quem nós mais gostamos, já estamos a vencer.

FONTE© D.R.