Ela é talentosa, dona de um sorriso cativante e de uma energia para lá de animada. Sendo filha de mãe espanhola e pai português, Mónica Jardim é muito calorosa e resiliente. Com 46 anos, a apresentadora já esteve à frente de inúmeros programas e é um rosto bem conhecido do público em Portugal.

Tens ascendência portuguesa e espanhola, uma bela mistura ibérica…
É verdade, tenho uma mistura dessas duas culturas. Costumo dizer na brincadeira que sou ibérica, porque com mãe espanhola e pai português, nasceu uma linda Mónica. [risos] Como também sou morena, sou uma ‘pata negra’.

Vieste de uma família numerosa, sempre com festas e muita gente… Essa tua forma de ser deve-se às tuas origens espanholas?
Sim, tenho a certeza absoluta. Vou buscar esta alegria e energia boa, positiva e viva à minha família espanhola. Reuníamo-nos em Espanha e, como a família é muito numerosa – tenho imensos tios e primas -, éramos cerca de trinta a quarenta pessoas em cada evento. Falávamos sempre em espanhol, a única pessoa que falava português era o meu pai e, mesmo assim, quando conheceu a minha mãe descobriu o ‘portunhol’. [risos] Cresci sempre com muita alegria, com risos e grandes convívios. E isso, obviamente, ficou entranhado na minha pele também.

Estiveste quase a seguir a carreira de diplomata… Concordas que uma apresentadora também tem de ser uma verdadeira diplomata dentro do mundo da televisão?
Sim, eu tirei Relações Internacionais precisamente porque o curso de diplomacia me entusiasmou. Eu comunicava todos os dias com pessoas – mesmo pessoas de outras nacionalidades -, por isso acho que sim, é uma boa comparação.

Por um lado, és extremamente comunicativa, mas também és muito preservada em alguns aspetos mais pessoais da tua vida. Onde vais buscar esse teu lado mais sereno e recatado? 
Esse é um lado que eu já ando a trabalhar há uns dez anos e vou buscá-lo muito também ao desporto e à espiritualidade. Quando nós crescemos, obviamente, vamos tomando conhecimento daquilo que nós somos e queremos ser – e do que precisamos de fazer. A partir dos meus trinta e cinco anos percebi que precisava – precisamente pela existência deste lado público na nossa profissão – de me resguardar, de ter paz e tranquilidade. Vou buscar essa serenidade a vários fatores, o desporto é um deles. Gosto muito de praticar desporto de forma individual, a corrida é uma paixão que eu tenho e que para mim funciona como meditação, quase uma terapia. É terapêutico para mim, porque as minhas corridas são sempre ao ar livre e em comunhão com a natureza. Faço sempre cerca de oito a dez quilómetros e nunca vou com os auscultadores, porque prefiro a ‘banda sonora’ que a natureza nos dá. Uma ‘Jardim’ teria, obviamente, de ouvir o som da natureza. [risos] Sou uma pessoa um pouco ansiosa e, por isso, aprendi a ouvir a minha própria respiração, a respirar de outra forma. Gosto de combater esta minha ansiedade de forma natural, através do desporto.

És um bocadinho gulosa… Será que também vais buscar um pouco dessa tua paz à comida?
Sou bastante gulosa também. [risos] Sabes que o chocolate é um vício e, muitas das vezes, quando me sinto ansiosa vou buscar um chocolate para me acalmar – e de repente o cacau entra dentro de mim e funciona como um ‘pózinho’ mágico. [risos]

Dá para ver que és uma pessoa forte e não deve ser fácil para ti pedir ajuda… É verdade?
Sim, fizeste uma boa leitura da minha pessoa. Não é a qualquer pessoa e foi uma coisa que eu aprendi a fazer. De facto, sempre fui muito forte, nunca quis mostrar a minha dor, não por não dar ‘parte fraca’, mas porque não gosto de ‘maçar’ as pessoas com os meus problemas. Oiço os problemas dos outros e acho que sou uma boa ouvinte. Gosto também de dar conselhos. Mas não gosto de falar sobre mim, já passei por muito e não quero expor a minha dor. O que não nos mata, torna-nos mais fortes, certo? Nós podemos ser pedras, mas elas também racham e as pessoas fortes também precisam de ‘colo’. E desabafar com alguém é bom, acaba por ser uma terapia.

A vida é a melhor escola que nós temos. Todos os episódios que vivemos são altos e baixos, os baixos servem sempre para nos fortalecer

Hoje, a televisão faz cem por cento parte da tua vida. Achas que algum dia vais querer dedicar-te a outra área?
Há uma área que eu gosto muito que é o turismo. O turismo também está ligado à televisão, porque nos conecta ao público e às pessoas, que é uma coisa que gosto muito. Portanto, estou agora numa atividade paralela, a construir uma área de negócio diferente ligada ao turismo, que me preenche bastante. 

Tens algum truque ou segredo para manteres a tua beleza?
Isso deve-se a vários fatores. Primeiro de tudo, ser feliz. Estarmos de bem com a vida alimenta muito a nossa alma, o nosso interior. Depois, obviamente que existem outros fatores, como o desporto como já mencionei, que nos ajuda a manter a jovialidade. Se calhar, por dentro, tenho vinte e tal anos… mas por fora tenho mais vinte. [risos] O estilo de vida saudável engloba isto tudo, ser feliz, praticar desporto, estar numa profissão que eu amo, a alimentação saudável e estar rodeada de pessoas boas, que são nossas amigas e nos fazem bem.

Se pudesses, o que dirias àquela menina pequenina – tu – que hoje em dia é uma mulher?
Acho que das coisas mais bonitas que podemos dizer a uma pessoa é o quanto a admiramos. Olho para essa criança com cara pequenina, meio tímida, reservada, mas traquina e com cara de ‘bombom’ [risos] e diria: ‘Estou orgulhosa do teu trajeto. Sobretudo por seres uma boa pessoa, generosa, altruísta e preocupada com os outros’. Acho que nós, enquanto seres humanos, devemos ter uma prioridade: crescer sem olhar só para nós e construir um bom e bonito ser humano. É esse o trajeto que eu quero fazer e espero estar no caminho certo.

FONTE© Record TV Europa