O ator, guionista e humorista português, desde muito cedo descobriu o gosto pela comunicação. Já apresentou inúmeros programas e é locutor de rádio. Pedro Fernandes é uma das caras mais conhecidas e acarinhadas pelo público e é dono de uma voz emblemática.

Nunca escondeste o sonho de ser jogador de futebol. Achas que se tivesses enveredado por outro rumo a tua vida seria completamente diferente?
Grande parte dos miúdos tem o sonho de ser jogador de futebol no clube do seu coração – e eu não fugi à regra. Acho que tinha algum jeito, mas se calhar nunca seria um Cristiano Ronaldo. Para já porque ele trabalha imenso e eu sou um bocado preguiçoso – e também porque ele tem muito talento. Eu apenas tinha um ‘pouquinho’ e ia ser, certamente, um jogador de ‘meio da tabela’. [risos]

Uma pessoa que acorda às cinco da manhã não pode ser preguiçosa…
Pois, mas, no entanto, se eu fosse um Cristiano Ronaldo já tinha deixado de trabalhar, já me tinha aposentado. Hoje estaria a usufruir dos rendimentos. [risos]

Para além do futebol, nunca escondeste a ambição de cantar. Ganhaste o gosto pela música com o teu pai, certo?
É verdade. Eu saia à noite com o meu pai só para ir ao karaoke. Eram noites muito boas. Não fazíamos mais nada na vida, era todas as noites. O meu pai diz que canta melhor do que eu, mas acho que o público não tem a mesma opinião. [risos] Naquela fase era tudo muito divertido, mas agora já tenho vergonha.

Foi nessa fase da tua vida que conheceste a tua mulher, Rita Fernandes?
Sim e, pelos vistos, numa noite que eu não cantei assim tão bem. Gosto tanto dos Beatles que naquela noite apeteceu-me cantar aquilo. Cantei a música deles ‘Strawberry Fields Forever’ – e não correu assim tão bem, mas, mesmo assim, consegui ficar com ela. Imaginem se tivesse cantado bem! [risos]

Durante algum tempo, conseguiste conciliar uma carreira na publicidade com os spots e sketches. Naquela altura tiveste um chefe que te impulsionou a ir até mais longe, não foi?
Exatamente. Ele despediu-me, mas não foi no mau sentido. Foi como um ‘empurrão’ para uma outra vida. Ele percebia que para mim já era mais importante do que a minha vida na agência. Se não fosse ele a dar-me esse incentivo, se calhar ainda lá estava. Trabalhei com ele durante 10 anos e na altura já fazia televisão, locução de rádio, publicidades e outras coisas e ele sempre me deixou sair do serviço para fazer essas pequenas coisas – desde que me mantivesse contactável no telefone. Ele permitiu-me crescer e sair do ‘ninho’.

Adquiriste o hábito de correr, que é algo saudável e te faz feliz. Como surgiu na tua vida?
O máximo que já consegui fazer foram 58 quilómetros. Tenho amigos que já fizeram 100 quilómetros – são uns malucos. [risos] A corrida surgiu por vaidade. Começou porque precisava de perder uns ‘quilinhos’. No entanto, é um gosto que se adquire à medida do tempo. Não conseguia correr um quilómetro, mas com o gosto comecei a correr mais dois, três e muitos mais. Quando dei por mim já queria fazer maratonas, subir montanhas e já fazia 50 quilómetros.

Se é para levar até ao fim, é para levar até ao fim

És uma pessoa muito emotiva?
Sim, por acaso sou. Quando me ponho em situações de colocar o meu corpo ao extremo fico muito emocional. Já chorei algumas vezes depois de uma prova. Quando fui para os Açores, fiz uma corrida com muitas dores nos pés e foi muito difícil. No final da prova, quando vi a meta emocionei-me muito e comecei a chorar. Passei por muitas coisas naquela corrida. Fiquei com um enorme sentimento de superação e só pensava que não ia sentir mais dor. No entanto, mesmo com dores, não desisto, sou muito resiliente e competitivo. 

Quando vês imagens do Sporting emocionas-te?
É muito fácil emocionar-me com o Sporting. Às vezes, só a ver vídeos do clube com músicas épicas é o suficiente para me comover.

Uma vez disseste que gostavas de ir à Lua e construir a tua casa de sonho. A tua casa atual aproxima-se da que idealizaste?
Sim, acabei por não construir, porque era realmente muito trabalhoso, mas estou muito feliz. Mudámos de casa há pouco tempo e acho que poupámos uma série de dores de cabeça. Muitos amigos, que se aventuraram na construção das suas casas, relatam muitos problemas e arrependimentos. Desistimos do nosso projeto, mas em princípio foi o melhor que fizemos. Apesar de ter sido uma casa comprada, conseguimos dar os nossos ‘toques’, por isso, ficou ‘à nossa medida’ e mais barato.

Já estiveste envolvido em vários projetos ao longo da tua vida. O que te falta realizar?
Sinceramente, não sei. Deixo a vida levar-me e vou fazendo coisas que me dão gosto. Ainda recentemente, escrevi um livro infantil. Isso foi algo que surgiu naturalmente. Os meus filhos pediam-me para lhes contar histórias para adormecer e esta foi uma delas, então, decidi colocá-la num livro. Numa entrevista que dei à Fátima Lopes ela pediu-me para contar rapidamente uma história e contei esta. Disse-me que era linda e que a deveria escrever. E assim fiz. Como fiquei mais tempo em casa durante a pandemia, decidi apostar o meu tempo nesse livro. Ainda demorou bastante, porque a meio da escrita percebi que a rimar ficava mais engraçado. Quando o livro ficou pronto, mostrei à minha agente – que chorou – e ela enviou para a minha editora. Passado pouco tempo já estava pronto a ser lançado. Tudo aconteceu muito rapidamente. Tem sido tudo assim na minha vida.

FONTE© Record TV Europa