‘Conheça a história de três mulheres que aproveitaram a pandemia para trazer o verde para dentro de casa.

Durante muitos meses estar num parque ou jardim a respirar o ar puro e as cores da natureza foi praticamente impossível. Nos sucessivos períodos de confinamento, desde março de 2020, as pessoas tiveram de se adaptar. A solução para muitos foi levar o verde para dentro de casa.

Em Lisboa, a rua da Silva passou a chamar-se ‘rua verde’ (ou green street). É um dos locais onde os moradores levaram muito a sério o conceito de ter plantas em casa. Todos os vizinhos embarcaram na missão de tornar a rua da Silva na via mais verde de Lisboa. As plantas em abundância que moram nesta rua apertada da zona de Santos todos os dias atraem centenas de turistas, que se esforçam para captar as melhores fotografias para as redes sociais.

Sofia Antunes percebeu que a procura por plantas estava cada vez a aumentar mais e em 2020 decidiu abrir um espaço em Lisboa dedicado ao tema: “Nós começámos com a loja online e o que me levou a abrir também foi um pouco a pandemia. Senti quase um chamamento para ter muitas plantas na minha casa. Esta paixão pelas plantas começou exatamente na pandemia, embora já tivesse alguma ligação por causa dos meus avós. Quis criar uma marca que fizesse as outras pessoas sentir o que eu sentia ao ter plantas comigo”.

As pessoas estavam muito centradas nas suas casas e em como é que podiam trazer o verde para dentro

– Sofia Antunes

Sem qualquer medo da pandemia e a sentir-se desenquadrada da profissão que tinha, Sofia encontrou nas plantas o caminho a seguir: “As plantas faziam-me bem porque cuidar delas fluía para mim. Então pensei que no meu dia a dia eu queria fazer aquilo que flui para mim e sei que se flui para mim vai dar certo. E foi sempre com confiança. Muito mais confiança do que no emprego estável que tinha antes”.

Ao abraçar o novo desafio, Sofia sentiu que tinha um propósito na vida, quis partilhá-lo com outras pessoas, algo que foi um sucesso desde o início: “Os nossos primeiros meses foram os nossos melhores. As pessoas estavam tão afastadas que queriam oferecer plantas umas às outras. Houve muita adesão logo. A pandemia foi boa para nós nesse sentido. As pessoas estavam muito centradas nas suas casas e em como é que podiam trazer o verde para dentro.”

Mas Sofia não se limita a vender plantas. Dentro da loja, montou um hospital para poder salvar as que estão em mau estado: “Por exemplo agora estamos a decorar um café que já tinha várias plantas, mas que não estavam no melhor estado e nós damos-lhe uma nova vida”.

O segredo é não as ‘chatear’ 

A comunicadora Luísa Barbosa também foi apanhada pela moda das plantas. Hoje em dia diz que não sabe quantas tem em casa e que não há um limite para as que ainda pode vir a ter: “Sempre adorei plantas, só não me achava era uma pessoa com particular jeito para as manter vivas. Houve um dia que fui a um supermercado e encontrei umas begónias, mas que estavam com mau aspeto e pensei: ‘Vou salvá-las!’ Não consegui, matei-as… rapidamente. Mas com isto tudo fui partilhando nas redes sociais esta aventura. E depois com o Instagram tu achas piada a uma coisa ligada a plantas e aparecem-te 10. E fui tirando dicas daqui e dali, fui achando piada e fui ficando mais confortável.”

A pandemia e os confinamentos teriam sido muito mais complicados para mim se não tivesse este escape

– Luísa Barbosa

Com o tempo, Luísa aprendeu a tratar de cada espécie quase como um filho ou um animal de estimação: “Quando temos animais ou crianças há uma constante preocupação, há coisas para fazer, dar de comer e de beber… Para a maior parte das plantas, bom é não as chatear. Então, no inverno…”

É através das redes sociais que Luísa vai partilhando a aventura que é o dia a dia de ter uma autêntica selva em casa e admite mesmo que as plantas a salvaram na pandemia: “A pandemia e os confinamentos acho que teriam sido muito mais complicados para mim se não tivesse este escape.”

Água em excesso não!

O que a maioria das pessoas refere é que ao início é sempre um pouco complicado pelo facto de as plantas serem seres sensíveis e não poderem ser tratadas todas da mesma forma.

Sofia diz que ao vender uma planta esforça-se por explicar as características e dá inclusive dicas sobre como tratar de cada espécie. “Uma das coisas que aconteceu na pandemia foi as pessoas adotarem loucamente, sem critério e sem grande consciência. Portanto, é também importante para nós despertar essa consciência de que se vai levar determinada planta para casa, de quais são as condições que lá há para ela e se é a espécie que faz mais sentido.”

Ana Mestre dedica os dias a ajudar os outros a cuidarem de plantas. “Muitas vezes e a primeira causa de morte das plantas é realmente não por nossa culpa, mas porque as plantas não se adaptam às condições que nós temos. O essencial acho que é conhecer bem as plantas que temos em casa para depois começar a saber tratá-las.”

Formada em jardinagem e arquitetura paisagista, é através das redes sociais que partilha dicas e regras básicas sobre o manual de sobrevivência das plantas. Uma das perguntas que mais lhe fazem é sobre a quantidade de água que uma planta deve levar. “Depende da planta, há plantas que não gostam nada de água, como as suculentas ou catos, e depois há plantas que precisam de ser regadas praticamente semanalmente. É verdade que as pessoas matam muitas das plantas por água a mais. Claro que elas precisam de água, mas não tanta como se acha.”

Ana Mestre – Record TV Europa

Coleção que deu em livro

Também foi com a pandemia que Ana fez crescer a selva dentro de casa: “Tive mais tempo para ver, para ir comprar, para cuidar. Antes da pandemia tinha aqui uma estante com plantas também, mas muito mais pequenina e depois comecei a comprar mais. Também com o boom que teve a minha conta de Instagram senti a necessidade de comprar e mostrar às pessoas outras espécies. E, então, acabei por criar uma coleção que cresceu muito com o confinamento.”

Toda a coleção está agora num livro, onde todas as dicas e características das espécies estão compiladas: “A coisa que mais gosto de fazer é dar formação. É uma coisa que eu adoro em qualquer área que tenha conhecimento e, portanto, o livro veio complementar os vídeos e o meu gosto de ensinar. Acho que ter um livro com as informações que nós precisamos e de forma simples sobre como cuidar das plantas de interior é muito útil.”

E no meio de tanto verde quais são então as mais procuradas? Sofia divide-se na resposta: “As mais procuradas talvez sejam as mais consensuais, ou aquelas que sabem que vão durar: o lírio da paz, a espada de São Jorge… mas depois também já temos pessoas que se aventuram em plantas não tão fáceis. Aquilo que queremos é também trazer as plantas que se adaptam melhor ao nosso clima, às nossas casas, mas não há o best seller. Todas as plantas têm tido adesão e isso também é bom porque todas as pessoas diferentes gostam de plantas menos comuns.”

Verde terapêutico veio para ficar 

Há para todos os gostos, de todos os tamanhos e feitios. Ana Mestre destaca os benefícios das plantas para a saúde mental: “Eu trabalhei oito anos como formadora de jardinagem de pessoas com problemas de saúde mental e sei por experiência que o contacto com as plantas, quer no exterior quer no interior, é muito terapêutico. Vi transformações incríveis. E acho mesmo que qualquer pessoa pode beneficiar muito em ter plantas em casa.”

Sofia também partilha da mesma opinião: “Fez muita diferença para mim, na minha atmosfera, eu sentia-me melhor comigo própria. Foi muito importante para o meu bem-estar. E depois ter aquele ritual quase meditativo de ver as minhas plantas, vê-las a crescer, poder mudá-las de vaso. Isso fazia-me sentir muito bem.”

A apresentadora de televisão Luísa Barbosa diz que não medita, mas tratar das plantas tem efeitos semelhantes: “Ajudou-me imenso e eu encontrava alguma paz e descanso dos 1001 pensamentos com que tenho de lidar todos os dias e havia esse aspeto terapêutico e meditativo quando estava a tratar delas.”

Nesta pandemia as pessoas transformaram a casa numa pequena selva, numa tentativa de diminuir a falta que os elementos verdes lhe faziam. E para muitos o verde entrou e veio para ficar, com todos os benefícios associados ao facto de termos plantas junto de nós.

1. Luísa Barbosa

Plant’mania: a moda que invadiu a casa dos portugueses
Record TV Europa

A apresentadora Luísa Barbosa ganhou interesse por tratar de plantas durante o primeiro confinamento.

2. Ana Mestre

Ana Mestre
Record TV Europa

Ana tem uma página nas redes sociais onde explica todos os truques para tratar de plantas.

3. Sofia Antunes

Sofia Antunes
Record TV Europa

Sofia decidiu abrir uma loja de plantas vivas em Alcântara em plena pandemia.

FONTEMin An, Pexels