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A ilha onde as mulheres não entram

Há quem diga que é pelo sangue que largam todos os meses, impuro, que poderia contaminar o local sagrado. Há quem aponte as dificuldades e perigos da travessia. A ilha de Okinoshima é totalmente interdita a mulheres e o motivo permanece um mistério.

A ilha onde as mulheres não entram
© D.R.

Propriedade do Santuário Munakata Taisha, Okinoshima situa-se no sul do Japão, no mar de Genkai, antiga rota comercial do país nipónico com a Coreia.

É um local sagrado, de culto, a que apenas os sacerdotes podem aceder, e já há mais de seis séculos que lá se realizam rituais e orações, apelando à proteção e segurança das embarcações e ao êxito das missões diplomáticas do Japão no continente asiático.

Os rituais celebrados eram presididos pelo clã Munakata, que controlou a região e está enterrado na ilha.

A impureza do sangue

Rezam as lendas que os antigos deuses xintoístas colocaram na ilha três imperatrizes, para guardar e proteger a nação.

No entanto, e apesar das estátuas femininas em homenagem às imperatrizes guardiãs, as mulheres estão desde sempre proibidas de entrar na ilha.

O motivo para esta interdição não é de todo claro, existem apenas especulações em torno do assunto.

O facto de as mulheres serem menstruadas é uma das razões apontadas, pois os xintoístas consideram que o sangue é impuro e iria conspurcar o local.

Como as deslocações a Okinoshima são perigosas, a dificuldade da travessia e as questões relacionadas com a segurança das mulheres também são vistas como explicação provável para a proibição de acesso à ilha.

‘Shoso-in do mar’

Já foram desenterrados cerca de 80 mil artefactos, tais como joias e ornamentos, classificados pelo estado japonês como tesouro nacional, sendo que Okinoshima é também conhecida como ‘Shoso-in do mar’, numa referência à Casa do Tesouro, na cidade de Nara.

A ilha, que é Património Mundial da Unesco desde 2017, está, desde há muitos anos, protegida pelos pescadores locais

“Sentimo-nos honrados com a distinção, mas não queremos que as pessoas se aproximem dos deuses sem a devida reflexão”, alertou o chefe da Cooperativa Pesqueira de Munakata, Tadahiko Nakamura, ao jornal ‘The Japan Times’.

“Não vamos abrir Okinoshima ao público, mesmo inscrita na lista do Património Cultural da Unesco. Isto porque as pessoas não devem visitar a ilha apenas por curiosidade”, disse à mesma publicação Takayuki Ashizu, o principal sacerdote do Santuário Munakata Taisha.

 

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